São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a provocar os governadores dos estados da região Nordeste. Desta vez, por rejeitarem seu programa de escolas cívico-militares. Ontem (3), durante lançamento da pedra fundamental do colégio de São Paulo, na capital paulista, disse que “a questão político-partidária não pode estar à frente da necessidade de um país”.
“A questão político-partidária não pode estar à frente da necessidade de um país. Oito dos nove governadores do Nordeste não aceitaram a escola cívico-militar. Para eles, a educação vai indo muito bem, formando militantes e desinformando lamentavelmente. Aqui no Sudeste também, tivemos dois governadores que não aceitaram”, disse Bolsonaro, afirmando que esses colégios são “comprovadamente de qualidade”. Dos nove estados, apenas o Ceará aderiu ao programa conforme o Ministério da Educação (MEC).
Carro-chefe do programa de governo de Bolsonaro para a educação, o programa de escolas cívico-militares foi desdenhado também pelos governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung (sem partido), do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e de São Paulo, João Doria (PSDB), com linha política semelhante à de Bolsonaro.
Em resposta, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que investe na rede pública. “Aqui no Maranhão não ‘inauguramos’ pedra fundamental de escola. Aqui a gente inaugura escola. Pronta. Temos cerca de 1.000 obras educacionais. Centenas de escolas novas. Ou seja, enquanto uns gritam e tentam chamar atenção com confusão, estamos trabalhando com seriedade.”
Ele anunciou o repasse de 100% dos valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para a folha de salários do magistério, com a complementação de recursos do estado, para a folha de pagamento do magistério. “A essência da aprendizagem reside nos professores. Dessa decisão resulta reajuste de até 17,5% nas menores remunerações (piso)”, afirmou.
Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro optou por uma política de hostilidade aos governadores do Nordeste, especialmente Flávio Dino. O primeiro embate, em julho, foi marcado por uma orientação do presidente a seu ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para “não dar nada” ao governador. “Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada para esse cara.” A conversa foi captada por microfones segundos antes de Bolsonaro sentar à mesa com jornalistas de veículos estrangeiros, recebidos em café da manhã no Palácio do Planalto.