Enquanto a Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência encontra-se com os seus trabalhos estagnados, a secretária Priscila Gaspar promove perseguição nas redes contra líderes surdos que pensam e se posicionam diferente dela, e usa o seu cargo para constranger profissionais tradutores de LIBRAS. Recebi mensagem de diversos colegas que tiveram que lidar com a intolerância da secretária, que não tem nenhum constrangimento de usar a máquina governamental para promover perseguição a qualquer pessoa que critica qualquer postura do governo Bolsonaro.
Imediatamente me vem à cabeça o que todos falavam de em uma eleição do Bolsonaro viveríamos um rompimento democrático, esse é um traço perfeito do rompimento democrático, a secretaria se utiliza da máquina estatal para instalar regimes autoritários e semelhantes aos vivenciados na ditadura militar em que o Estado dispunha de mecanismos oficiais de patrulha da opinião alheia.
Enquanto a secretária gasta o tempo perseguindo quem pensa diferente o rolo compressor passa em cima dos direitos conquistados e o governo reduz drasticamente o investimento na política que promove a inclusão das pessoas com deficiência, a maior política criada até hoje para promover acessibilidade no país inteiro caiu de quase 18 bilhões para 14 milhões no atual governo, que a primeira dama fez discurso em LIBRAS. O meu último artigo questiona justamente isso, o silêncio da companheira do presidente diante de tantos retrocessos na política que ela promete se dedicar.
Movimentos pela exoneração da secretária nacional Priscila Gaspar se intensificam na própria comunidade surda, diversas lideranças questionam a secretária sem postura de secretária, que não entendeu a importância e o simbolismo que carrega a sua estadia neste cargo, por se tratar nada mais nada menos do que a primeira mulher surda a ocupar o cargo. Priscila e o seu esposo promovem verdadeiras milícias digitais na rede e não usam o simbolismo presente para unir a comunidade surda inclusive no avanços de lutas históricas da própria população surda, como a contratação de tradutores de LIBRAS em todos os serviços do governo, bem remunerados e valorizados, ou até mesmo garantir que serviços como o de tele-atendimento e operadoras de cartões de crédito, que um surdo não consegue garantir um simples desbloqueio de cartão.
Priscila, o povo surdo brasileiro precisa de você para fazer desse momento histórico, gerando oportunidade para ampliar os direitos e não para perseguir os profissionais de LIBRAS e a própria comunidade surda, que a partir da sua luta colocou você no cargo que ocupa nesse exato momento. Não esqueça dos que te antecederam e que essa comunidade surda é diversa, as eleições acabaram e o sol brilha para todos, ou seja, o seu governo deve ser o governo de todos e já passou da hora de trabalhar por e para todos e nós! Não aceitaremos os porões da ditadura nem silenciaremos o nosso sonho de liberdade em que as nossas opiniões só serão opiniões, e que a gente consiga conviver com as diferenças que elas se apresentam no dia a dia. Aos meus colegas, não desistam de empregar as emoções em suas traduções e nem de manterem fiéis ao seu papel cívico de participar dos processos democráticos garantidos pela constituição brasileira. Afinal: eles passarão, e nós passarinho.
O Congresso em Foco entrou em contato com a assessoria da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e até o momento da publicação deste artigo não obteve resposta. O espaço permanece aberto para resposta.
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