O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou que o Brasil reconhece a senadora Jeanine Áñez como a presidenta da Bolívia. Añez se autoproclamou em sessão no Senado sem quórum suficiente. Araújo é acusado de ter apoiado o golpe de Estado no país vizinho.
“Foi declarada vaga a presidência, e ela [Añez] assumiu a presidência do Senado, que também estava vaga. E assume constitucionalmente a presidência. Então essa é a nossa percepção, de que a Constituição boliviana está sendo seguida”, afirmou o chanceler segundo O Globo. “Interinamente, claro, acho que é importante o compromisso de convocar eleições. Então nossa primeira percepção é que está sendo cumprido o rito constitucional boliviano, e queremos que isso contribua para pacificação e a normalização no país”, completou.
Questionado se a fala era um reconhecimento de Áñez como presidenta, ele confirmou. “É, por tudo que eu estou informado sim. Nosso entendimento é que todos os ritos estão sendo cumpridos. Portanto, ela assume legalmente”, disse.
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Partidos de oposição no Brasil pedem explicação do Itamaraty sobre um possível envolvimento de Araújo no golpe da Bolívia. O chanceler se encontrou com o líder golpista da extrema-direita boliviana Luis Fernando Camacho, em maio.
“Conseguimos o compromisso pessoal e governamental do chanceler Ernesto Fraga Araújo de elevar como estado brasileiro e garante da cpe a encomenda de interpretação da convenção sobre a reeleição indefinida para a CIDH. O Chanceler instruiu de forma imediata e na mesma reunião que se realize a consulta”, relatou Camacho após encontro com Araújo.
Em outro áudio filtrado, um interlocutor revela o apoio “das igrejas evangélicas e do governo brasileiro” ao golpe, e fala de um suposto “homem de confiança de Jair Bolsonaro, que assessora um candidato presidencial”. “Temos que começar a nos organizar para falar de política nas igrejas, como já se faz a muito tempo no Brasil, que já tem deputados, prefeitos e até governadores da Igreja (evangélica)”, diz.
A autoproclamação
A senadora Jeanine Áñez era a segunda vice-presidenta do Senado e tomou a presidência da casa legislativa após a renúncia dos demais senadores, ameaçados pelo golpistas, que queimaram casas e sequestraram parentes de lideranças do MAS. Añez convocou sessão na tarde desta terça-feira, mas não garantiu, junto às Forças Armadas, a segurança de nenhum dos legisladores massistas.
Morales considerou a atitude de Añez como a consumação do “golpe mais astuto e desastroso da história”. Uma senadora golpista de direita se autoproclama presidenta do senado e depois presidente interina da Bolívia sem um quorum legislativo, cercada por um grupo de cúmplices e apoiada pelas Forças Armadas e pela Polícia que reprimem o povo”, declarou.