65% dos servidores municipais de SP aderem à greve por aumento de salário

    Trabalhadores e trabalhadoras dos níveis básico e médio do serviço público do município estão sem reajuste desde 2013. Perdas salariais são de mais de 39%

    Foto: ELINEUDO MEIRA (CHOKITO).

    Por Andre Accarini.

    A greve dos trabalhadores no serviço público municipal da cidade de São Paulo por reajuste de salários, que começou na última terça-feira (5), já tem a adesão de 65% dos trabalhadores e trabalhadoras. Cerca de sete mil dos doze mil servidores na ativa, aderiram ao movimento.

    Sem reajustes desde 2013, a categoria já soma 39,27% em perdas salariais e está bastante mobilizada. Ontem quinta-feira (7), os servidores fizeram uma manifestação em frente à Prefeitura, no centro da capital paulista, às 14h. Depois, uma assembleia para cobrar reabertura de negociação e definir os rumos da greve.

    O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de São Paulo (Sindsep-SP), Sérgio Antiquera, afirma que a adesão à greve foi maior do que previa o governo, o que para ele é uma demonstração da força da categoria.

    “Temos capacidade de fazer pressão para o governo reabrir o processo de negociação e dar resposta à nossa proposta”, afirmou.

    Na tentativa de desmobilizar a categoria, denuncia o SIndsep-SP, o governo municipal anunciou a antecipação do 13° salário para o dia 13 de dezembro e dos vencimentos para o dia 20 de dezembro.

    Impasse

    A proposta da Prefeitura é de aumentar a folha de pagamento em 0,2%.

    João Batista Gomes, da Executiva Nacional da CUT e diretor do Sindsep-SP, explica que a Prefeitura mudou o formato de salários, transformando rendimentos (salários + gratificações) em ‘salários subsídios’, ou seja, incorporando gratificações e abonos aos salários, dentro de faixas salariais.

    “O que ocorre é que os trabalhadores com mais tempo, que são cerca de 70%, nao terão nada de reposição salarial, composição, pois terão o chamado subsídio complementar. O que queremos é a reposição salarial de 39%, pois desde 2013 estamos com salários congelados e somente uma reestruturação com valorização pode garantir isso”, diz o dirigente.

    Uma contraproposta apresentada pelo sindicato, com reposição das perdas (39,27%) para toda a categoria até maio de 2020, foi ignorada pela Secretaria de Gestão do Município.

    O sindicato também defende que os salários do nível básico continuem sendo de 82% do salário do nível médio. E ainda, que o salário do nível médio atinja 50% dos salários do nível universitário. A proposta também incluía pagamentos de abonos de emergência, que foi ignorada pela Prefeitura.

    Abono e negociação

    O abono de emergência foi uma conquista da greve realizada em fevereiro e março deste ano. A lei votada estava paralisada na Câmara dos Vereadores e somente agora foi desbloqueada na Justiça, mas os servidores ainda não receberam o abono, cujos valores são de R$ 300,00 para o nível médio e R$ 200,00 para o nível básico.

    Segundo o Sindsep-SP, apenas servidores do nível básico e médio na ativa receberão o abono quando a Prefeitura cumprir a lei. Os trabalhadores destes níveis são os que recebem os menores salários. Os pisos são de R$ 755,00 para o nível básico e R$ 920,00 para o nível médio. Os reajustes salariais foram de apenas 0,01% ao ano de 2013 a 2019.

    A proposta da Prefeitura prevê o valor de R$ 100 milhões, já inclusos na Lei Orçamentária Anual de 2020, para reajustes salariais e reestruturação dos quadros. Esse valor representa um aumento de apenas 0,2% na folha de pagamento e atinge apenas os níveis básico e médio.

    O Sindsep-SP argumenta que a proposta não valoriza a evolução da formação e a experiência profissional dos servidores.

    Protestos e locais de paralisação

    Na quarta-feira (6), piquetes foram realizados pelo comando de greve em todas as regiões de São Paulo. De acordo com o Sindsep-SP, as atividades foram paralisadas na Procuradoria Geral do Município, secretarias da Fazenda, do Meio Ambiente, nas subprefeituras da Sé, Guaianases, Itaquera, Itaim Paulista, Ermelino Matarazzo, Campo Limpo, Parelheiros e Santo Amaro.

    Houve paralisação também nos hospitais Waldomiro de Paula (em Itaquera), Hospital do Campo Limpo, Alípio Corrêa Neto (em Ermelino Matarazzo), Tide Setúbal (em São Miguel) e Ignácio Proença de Gouveia (na Mooca).

    Confira os locais em greve:

    Serviço Funerário Municipal
    Secretaria da Fazenda e Centro de Atendimento (Praça do Patriarca)
    Departamento Fiscal – Procuradoria Geral do Município
    Departamento de Meio Ambiente e Patrimônio – Procuradoria Geral do Município
    Departamento de Desapropriações – Procuradoria Geral do Município
    Secretaria Municipal de Licenciamento
    Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano
    Secretaria Municipal de Justiça
    Secretaria Municipal de Saúde
    Secretaria Municipal de Habitação
    Subprefeitura do Aricanduva
    Subprefeitura da Brasilândia/Freguesia do Ó
    Subprefeitura do Campo Limpo
    Subprefeitura da Capela do Socorro
    Subprefeitura de Cidade Tiradentes
    Subprefeitura de Pirituba
    Subprefeitura de Ermelino Matarazzo
    Subprefeitura de Guaianases
    Subprefeitura de Itaim Paulista
    Subprefeitura do M’Boi Mirim
    Subprefeitura da Mooca
    Subprefeitura de Parelheiros
    Subprefeitura da Penha
    Subprefeitura de Perus
    Subprefeitura de Santana / Tucuruvi
    Subprefeitura de Santo Amaro
    Subprefeitura de São Mateus
    Subprefeitura de São Miguel Paulista
    Subprefeitura de Sapopemba
    Subprefeitura da Sé
    Subprefeitura da Vila Mariana
    Subprefeitura da Vila Prudente
    Descomplica Digital do Campo Limpo
    Descomplica do Butantã
    Hospital Municipal Waldomiro de Paula
    Hospital Municipal Tatuapé
    Hospital Municipal Alexandre Zaio
    Hospital Municipal do Campo Limpo
    Hospital Municipal Alípio Corrêa Neto
    Hospital Municipal Ignácio Proença de Gouveia (João XXIII)
    Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya
    Hospital Municipal Waldomiro de Paula
    Hospital Municipal Mário Degni
    Hospital Municipal Benedicto Montenegro
    Hospital Municipal Tide Setúbal
    Hospital do Servidor Público Municipal – HSPM
    Ambulatorio de Especialidade Sapopemba
    Ambulatorio de Especialidade Pirituba
    Unidade Básica de Saúde Vila Alpina
    Unidade Básica de Saúde JAE
    Centro de Testagem e Aconselhamento Santo Amaro
    Serviço de Assistência Especializada Santo Amaro
    Centro de Convivência Pirituba

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