Além de estar amedrontado com as diversas manifestações que ocorrem pela América Latina, principalmente no Chile, Eduardo Bolsonaro, acaba por desconversar sobre suas afirmações reivindicando o AI-5 que, sim, cogitaram a implementação de uma lei hoje que se retomasse esta medida ditatorial.
Após o amplo repúdio e rechaço que veio desde a PSOL à PSDB, o presidente da OAB e o presidente da câmara Rodrigo Maia, este por sua vez cogitou levar a frente uma punição contra o “número 3”. Temendo respostas, Eduardo Bolsonaro disse que foi “deturpado” e que ele e nem o governo de seu pai cogita a implementação de um novo AI-05 no Brasil.
No programa Brasil Urgente, do direitista José Datena, Eduardo baixou o tom após seu próprio pai constranger a sua declaração, além de setores do próprio governo incluindo outros militares. Todos ouviram muito bem o que o deputado disse e sua mensagem ameaçadora, contudo, ainda se disse vítima de uma “manipulação” e que “talvez” foi infeliz em sua fala.
No final das contas, Eduardo manteve sua posição essencial de uma escalada repressiva caso a “esquerda radicalizasse aqui no Brasil”, o deputado diz que “alguma medida teria que ser tomada” caso tomemos como exemplo os manifestantes que ocupam as ruas do Chile contra o governo neoliberal de Piñera, “nesse cenário, o governo teria que tomar as rédeas”, ameaça.
O tom baixou, contudo a mensagem continua a mesma: o medo do clã Bolsonaro, dos neoliberais mais saudosos das ditaduras latino-americanas e dos capitalistas é de que nós, os trabalhadores, setores oprimidos e pobres, nos voltemos contra suas medidas para descarregar a crise em nossas costas. Por isso Eduardo faz referência a ao período mais obscuro da ditadura civil-militar do Brasil. Sabemos que ele e seu clã continuam a defender a ditadura militar, como fez Jair Bolsonaro por toda sua vida.
Figuras centrais da cúpula, como Augusto Heleno, ao ser entrevistado hoje pelo Estadão, longe de rechaçar a declaração do deputado,pareceu mais dar conselhos, dizendo que ““tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir” a imposição de um novo AI-5.
As consequências do AI-5 defendido pelo deputado foram o fechamento do Congresso Nacional, torturas e mais de 300 mortes já reconhecidas pelos organismos de Direitos Humanos (sem contar as não confirmadas). A instauração da censura política à arte, música, filmes e a repressão ao movimento de trabalhadores e estudantil, com fechamento de entidades de representação e profundos ataques nos salários.
Mesmo pedindo suas falsas e cínicas desculpas. Eduardo mantém, portanto, sua posição repressora, autoritária e ditatorial, pois o amedronta que no Brasil possa ocorrer uma rebelião popular assim como no Chile, onde o governo assassino de Piñera teve que dispensar todos os seus ministros, apresentar pequenas concessões e retirar o estado de emergência para salvar o regime neoliberal chileno. O povo chileno continua nas ruas exigindo a queda de Piñera.
Contra as ameaças autoritárias do governo de reprimir e assassinar aqueles que lutam contra os ataques capitalistas, também por justiça à Marielle e Anderson, precisamos fazer aquilo que o clã Bolsonaro tanto teme: façamos como os chilenos!