Por Cida de Oliveira.
São Paulo – O diretor de campanhas para florestas do Greenpeace dos Estados Unidos, Daniel Brindis, cobrou explicações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre a confissão de Jair Bolsonaro. A investidores árabes, Bolsonaro admitiu na quarta-feira (30) ter “potencializado” queimadas na Amazônia por discordar de políticas anteriores. “Bolsonaro em um evento para investidores na Arábia Saudita disse que ‘maximizou/aprimorou’ os incêndios na Amazônia brasileira porque discordou das leis ambientais de governos anteriores. Te interessa esclarecer, @rsallesmma”, escreveu ao ministro por meio de seu perfil no Twitter. Até a conclusão da reportagem, o ministro não havia respondido.
Bolsonaro at an event to investors in Saudi Arabia said that he “maximized/enhanced” the fires in the Brazilian Amazon because he disagreed with the environmental laws of previous governments. Care to clarify @rsallesmma ? #Amazonfires #Actforamazonhttps://t.co/N7ablbCQX5
— Daniel Brindis (@DanielBrindisGP) 30 de outubro de 2019
Salles e o entidade ambiental têm estado em pé de guerra nas últimas semanas. Primeiro o gestor da pasta do Meio Ambiente provocou a organização, que não estaria entre os voluntários para a limpeza do óleo, que avança sobre o litoral do Nordeste desde 30 de agosto. Dias depois, insinuou que o óleo responsável pela maior tragédia ambiental em toda a região teria sido despejado por um navio pertencente à ONG, que no último dia 25 anunciou que iria à Justiça.
A declaração de Bolsonaro aos árabes (confira no vídeo abaixo, a partir do do minuto 17), causou muita indignação, como a da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva que defendeu medidas judiciais contra Bolsonaro.
Em entrevista ao site brasileiro do jornal alemão DW, o professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salem Nasser, doutor em Direito Internacional e especialista em assuntos do Oriente Médio, afirma que a aproximação de Bolsonaro com a Arábia Saudita tem mais a ver com o alinhamento do brasileiro aos Estados Unidos do que com pragmatismo geopolítico.
O site observa que o momento mais comentado da visita de Boslonaro foi uma declaração sua de que o líder da Arábia Saudita, Mohammad Bin Salman, seria “um irmão”. “O príncipe herdeiro do trono saudita é acusado de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado de seu país na Turquia, em outubro do ano passado e o governo saudita regularmente encarcera ativistas pelos direitos das mulheres”, diz a reportagem.
Na entrevista, o especialista da FGV nota ainda a incoerência do governo brasileiro: “Não está claro, em absoluto, por que corresponde aos interesses políticos e econômicos brasileiros conversar com os sauditas e considerar o Irã um pária. O Irã é maior comprador nosso do que todos esses países árabes vistos singularmente. O superávit é muito maior”, explica”. (Leia íntegra aqui.)
Confira algumas das manifestações na redes
O Presidente disse no exterior que potencializou as queimadas por não se identificar com as “políticas anteriores adotadas no tocante à Amazônia”. Essa confissão é gravíssima e precisa ser respondida judicialmente. https://t.co/i08TG0ESfp
— Marina Silva (@MarinaSilva) 31 de outubro de 2019
[1/2] Em mais um discurso, o presidente @jairbolsonaro deixa claro que não se preocupa com o meio ambiente e com os povos que lá vivem. Nós alertamos que a política desastrosa de seu governo permitia a destruição da floresta. https://t.co/z3hLTBLmsJ
— Anistia Internacional ? (@anistiabrasil) 31 de outubro de 2019
Bozo admitiu o que todos sabíamos: agiu diretamente para “potencializar queimadas” na Amazônia. O “dia do fogo” é coisa que saiu do Palácio do Planalto. O crime ambiental está admitido, é réu confesso. https://t.co/RE3D8k2YSI
— Jorge Solla (@depjorgesolla) 30 de outubro de 2019
ENXURRADA DE CRIMES
Depois do piti de ontem à noite, Bolsonaro falou a verdade a árabes, em reunião privada: incentivou o incêndio na Amazônia.
Mais um crime pelo qual deve ser punido!
Saiba mais: https://t.co/Emv6lAyOnk
— Margarida Salomão (@JFMargarida) 30 de outubro de 2019
Impressionante. Vai dar prisão?
Bolsonaro assume crime ambiental e está atolado no caso Marielle.Bolsonaro diz que ‘potencializou’ queimadas por nova política para Amazônia – 30/10/2019 – UOL Notícias https://t.co/rFt5lO76i7
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) 30 de outubro de 2019
Bolsonaro reconheceu na Arábia Saudita que potencializou as queimadas na Amazônia. Essa é uma confissão de culpa na colaboração para os criminosos incêndios do último período na maior floresta tropical do mundo. A defesa da Amazônia é a defesa do planeta. Basta de ecocídio!
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) 30 de outubro de 2019