Por Emilly Dulce.
Subiu para 382 o total de agrotóxicos liberados pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) em pouco mais de 10 meses de mandato. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou, na quinta-feira (3), a autorização de mais 57 substâncias em relação ao mês de setembro. Os números representam uma avalanche frenética na série histórica iniciada em 2005. Em todo o ano passado, os registros contabilizaram 450 agrotóxicos.
Dos pesticidas anunciados, 10 são biológicos (utilizados na agricultura orgânica), 41 são genéricos e seis são produtos formulados com base em princípios ativos novos. Cerca de 30% dos ingredientes de agrotóxicos liberados até setembro são proibidos na União Europeia, sendo que 46 da nova leva ainda não haviam aparecido na lista deste ano.
Campanha de Financiamento Coletivo para não esquecer da Novembrada. Faça como os apoios institucionais da Apufsc Sindical, Fecesc, Editora Insular, Sinergia, Sintram/SJ, Sintespe, Sindsaúde, Sintrasem e Sinte e apoie a realização do “Quarenta” você também. Para contribuições individuais, clique em catarse.me/quarenta
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo em números absolutos. Em 2017, a agricultura brasileira utilizou 539,9 mil toneladas de venenos, conforme os dados mais recentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Isso custou, na época, US$ 8,8 bilhões — cerca de R$ 35 bilhões no câmbio atual.
O aval para a liberação das substâncias passa por três órgãos reguladores: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ibama e Ministério da Agricultura — atualmente chefiado por Tereza Cristina (DEM), ex-líder da bancada do agronegócio na Câmara dos Deputados e conhecida como “musa do veneno”.
O agronegócio — modelo de produção agrícola baseado no monocultivo, no grande latifúndio e no uso ostensivo de agrotóxicos — é duramente criticado por especialistas, partidos de esquerda, sindicatos e organizações populares, como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida.
“A novidade desta publicação é o uso da nova classificação feita pela Anvisa em agosto. Pela nova regra, diversos agrotóxicos que eram considerados extremamente e altamente tóxicos por causarem cegueira e corrosão da pele se tornaram ‘improváveis de causar danos agudos’. Um exemplo é o Piriproxifem, que antes da mudança era classificado como ‘Extremamente Tóxico’, e agora aparece em uma mistura com Dinotefuran classificado como ‘Improvável de Causar Dano Agudo'”, critica, em nota, a organização lançada em 7 de abril de 2011.
Confira aqui a publicação no Diário Oficial da União.
410