Por Ícaro Colella*.
A partir do convênio binacional entre a Unochapecó e o Instituto Nacional de Antropologia e Pensamento Latino-Americano/Argentina, em vigor desde de 2013, em conjunto com um grupo maior de pesquisadores sul americanos e europeus, o Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (Ceom), iniciou a participação em pesquisa para estudo de cachorros domésticos pré-hispânicos (Canis familiaris) e de amostras de humanos antigos. Os dados de amostras de fauna moderna e antiga são levados em consideração para comparação, além de ossos humanos, para entender migração, alimentação e aspectos climáticos desses povos.
Por questões de preservação, é muito raro encontrar vestígios de cães nos sítios, por isso a importância desse estudo. Assim como o Homo Sapiens, o Canis familiaris não é nativo da América e migraram para cá junto com os humanos, o que torna a pesquisa muito mais atrativa e necessária para compreender melhor os povos antigos, segundo a coordenadora do Ceom e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Mirian Carbonera. ”A ideia é analisar os achados arqueológicos do alto rio Uruguai numa perspectiva mais ampla, já que este rio foi uma fonte importante de abastecimento, de deslocamento e integração para as populações pré-históricas”.
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De acordo com Mirian, o projeto ‘Pesquisa e difusão da história das ocupações humanas pré-coloniais do alto rio Uruguai’, integra o projeto maior ‘Arqueologia da Floresta Atlântica Meridional Sul Americana’. “Uma de suas ações é integrar os dados arqueológicos que são produzidos regionalmente em um estudo maior, já que as características das antigas sociedades que ocuparam o sul do Brasil estão muito mais voltados para a bacia do Prata, do que para outras regiões brasileiras”, comenta.
O pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), professor Daniel Marcelo Loponte, reforça a relevância do trabalho com os cães pré-hispânicos (Canis familiaris) partindo da premissa de compreender a entrada dos cachorros América e seu significado na vida e no cotidiano dos povos antigos. “A pesquisa visa estudar a presença dos cachorros pré-coloniais, suas características morfométricas e de DNA e suas relações com os grupos humanos, o que permite compreender a dispersão desta espécie pela região”.
No decorrer dos estudos é buscado as semelhanças e divergências que podem ser observadas nas populações que ocuparam o rio Uruguai, que se forma em Santa Catarina e se conecta com o Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. Devido a essa conexão, as análises acontecem em museus e sítios arqueológicos do Brasil, Uruguai e Argentina, além de algumas com parcerias da Universidade de Tubinguen da Alemanha.
*Estagiário sob supervisão de Gabriel Kreutz