“Não votamos no Marcelo”, reforçam os estudantes indígenas da UFFS

    A agenda de trabalho dos estudantes segue acontecendo com oficinas, formações e aulas na ocupação. Os docentes também participam de assembleia nesta sexta-feira para deliberarem sobre a greve

    Foto: Claudia Weinman, para Desacato. info.

    Por Claudia Weinman, com fotos de Wesley Padilha, para Desacato. info.

    Ontem foi um dia histórico para a comunidade acadêmica da Universidade Federal Fronteira Sul – UFFS. A reitoria que está localizada em Chapecó, no Oeste Catarinense, está ocupada desde o final de agosto após a nomeação por Jair Bolsonaro, do interventor Marcelo Recktenvald.

    Mas ontem, diferente dos outros dias, mais de 500 estudantes dos diferentes campus da UFFS foram até o aeroporto para receber o “não reconhecido” reitor da Universidade. Marcelo desceu do avião e fugiu pela porta lateral, escoltado pela Polícia.

    Dia da Mulher Indígena e da Amazônia

    Ontem também foi rememorado o dia internacional da mulher indígena e da Amazônia e nesse contexto, a nossa reportagem conversou com Lucas Kariri, do coletivo indígena e Ademir Brandino da etnia Kaingang.

    “Essa é a universidade que possui mais estudantes indígenas do país. Nós estamos aqui estudando a ciência e tecnologia e alinhando tudo isso com os conhecimentos dos povos da floresta. O indígena é professor, tem direito de estudar, estamos na luta e resistência. Não votamos no Marcelo, não é nosso escolhido. Dizem que os indígenas não precisam estudar mas quem precisa estudar é quem fala isso. Fazemos a nossa parte, somos protetores de mais de 80% do território nacional, defendemos os recursos naturais”, enfatizou Lucas.

    Ademir Brandino, indígena da etnia Kaingang, falou também sobre a importância da UFFS par aos povos indígenas. “Vamos ficar aqui de pé firmes, não aceitamos o Marcelo como reitor da Fronteira Sul. Faço parte do coletivo indígena, se precisar dormir na rua vamos dormir. Não aceitamos essa manipulação. A gente vai resistir. A gente é contra ele. Represento o povo Kaingang, sou formado em pedagogia mas ainda estou estudando no mestrado, precisamos de estudo, somos donos desse chão, raiz desse chão, vamos ficar aqui pra dizer que não aceitamos esse cara como reitor da universidade”.

    “O Marcelo se acovardou”

    A estudante Carol Listone, explicou sobre o não aparecimento do interventor na reitoria da UFFS. “Ele deu um parecer na imprensa de que viria negociar, estamos em mais de 500 pessoas na reitoria. Nós não reconhecemos o Marcelo, mas queremos que ele venha conversar. A universidade está aberta, em pleno funcionamento dos trabalhos. Queremos que ele reconheça o terceiro lugar, isso é o mínimo que ele pode fazer. Nós vamos permanecer em pé e resistentes”, disse.

    Confira alguns registros:

    Imagens da luta dos estudantes no aeroporto de Chapecó. Foto: Wesley Padilha.
    Imagens da luta dos estudantes no aeroporto de Chapecó. Foto: Wesley Padilha.
    Estudantes indígenas na luta pela UFFS. Foto: Wesley Padilha.
    Foto: Wesley Padilha.
    Foto: Wesley Padilha.

    Confira outras entrevistas feitas ontem, quinta-feira, em Chapecó.

    No final da tarde de ontem, a imprensa local divulgou pedido de reintegração na Reitoria mas estudantes não receberam nenhum comunicado oficial.

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