Pelo menos quarenta pessoas morreram afogadas na terça 27 de agosto à noite tentando deixar a Líbiapor mar. Por volta das três e meia da manhã, o Alarm Phone recebeu o sinal de um barco na costa da Líbia “com um máximo de 100 pessoas a bordo” que haviam deixado Al Khums cerca de três horas antes: “Estavam em grande desespero, choravam e gritavam, nos dizendo que as pessoas já estavam mortas. Tentamos obter sua posição do GPS, mas as pessoas estavam tão tomadas pelo pânico que não conseguiam informá-la. Como o barco ainda estava muito perto da costa da Líbia, não tivemos outra escolha a não ser informar as autoridades líbias e italianas. Acreditamos que ninguém saiu para procurá-los.”
A reportagem é de Marco Mensurati (a bordo do navio Mare Jonio) e Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 27-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Não conseguimos mais falar com aquelas pessoas. Às 6 horas da manhã – continua o Alarm Phone – um parente nos ligou, dizendo que temia pelas pessoas a bordo. Ele estava com medo de que tivessem morrido. Não sabemos o que aconteceu a esse grupo de migrantes: ainda esperamos que todos estejam vivos, mas tememos o pior”.
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Infelizmente, o naufrágio e as mortes foram confirmados com um tweet do escritório líbio da Organização Internacional para as Migrações (OIM): “65 sobreviventes foram trazidos de volta para a costa e cinco corpos foram recuperados, entre eles muitas crianças”. “Conversamos com as autoridades líbias. Eles nos disseram que haviam verificado o naufrágio. Muitos haviam se afogado”, refere o Alarm Phone.
Enquanto isso, o ex-ministro do Interior, Matteo Salvini, assinava a proibição de entrada, trânsito e permanência em águas italianas para o navio Eleonore, com bandeira alemã. A providência já foi enviada aos Ministros da Defesa e Infraestrutura e Transporte. Ontem, o navio Eleonore, da ONG Lifeline, resgatou 101 pessoas a bordo de um bote de borracha que estava afundando na costa da Líbia.
O comandante do Eleonore é Carl Peter Reisch, o mesmo que há um ano ficou detido em Malta por meses, processado e em maio condenado a pagar uma multa de 10.000 euros por outro socorro contestado. Portanto, por enquanto é improvável a possibilidade de desembarcar em Malta para esse barco. No entanto, a Lifeline já pediu à Alemanha para indicar um porto seguro.