Por Jana Machado, para Desacato.info.
O Instituto Arco Íris, de Florianópolis, SC, recebeu nessa sexta-feira, 19, a Vivência da Polícia Rodoviária Federal com a População em Situação de Rua. A atividade faz parte do Curso Avançado de Diretos Humanos da PRF.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da PRF, Igor Ramos, a proposta da vivência é “trazer mais que conteúdo; trazer o domínio afetivo da aprendizagem, trazer diretos humanos. Os diretos humanos chegam quando existe o contato com pessoas, assim como a necessidade da empatia. O curso tem a proposta de humanizar as pessoas e trazer o lugar de fala, isso envolve deixar as pessoas falarem. Assim como a população em situação de rua é invisibilizada, temos nas rodovias os trincheiros*, e devemos saber como tratar essas pessoas”. Segundo Igor, que é também o coordenador pedagógico do Curso Avançado de Direitos Humanos, o contato com as pessoas se faz necessário para termos avanços de humanização em direção aos direitos humanos.
A vivência iniciou com um café da manhã e confraternização entre os participantes, logo após foi aberta uma roda de conversa com a fala inicial de Gabriel Amado, psicólogo do Instituto Arco Íris, que parabenizou os integrantes da PRF por saírem da zona de conforto e estarem presentes. Segundo ele a política de drogas é contra as populações pobres e negras e isso faz com que a criminalização seja diferente para estas pessoas.
André Schaefer, presidente do Movimento da População em Situação de Rua, diz que a intenção é falar, também, sobre as boas práticas da população em situação de rua, não falar apenas da violência que sofrem. Para André a maior parte da rua é aquela que luta por direitos para o vulnerável. “A proposta é desconstruir os olhares da PRF e também os nossos olhares para a PRF, que possamos fazer uma troca de saberes”. Ele acrescentou: “eu não acredito na palavra ‘direitos humanos’, isso está só somente para uma parcela da sociedade”.
Em seguida foram abertas as falas para a apresentação dos participantes, com agradecimentos de ambas as partes. Os integrantes da PRF colocaram que o grupo presente não forma a totalidade a corporação, que os que estiveram presentes têm um olhar diferente dos outros integrantes da PRF. “Se outros tivessem sido convidados, muitos não viriam” disse o policial Junie Penna.
Dois vídeos sobre violências policiais durante o 3° Encontro Nacional da População em Situação de Rua foram apresentados na atividade. O encontro envolveu emoção, afetos e reflexão entre policiais e a população de rua.
*trincheiros são a população de rua das rodovias.