A defesa da democracia e a luta pela manutenção de direitos sociais marcaram a abertura do 10º Congresso Nacional de Psicologia (CNP), nesta quinta-feira (30/05), em Brasília. Com a participação de cerca de 400 psicólogos de todas as regiões do país, o evento ocorre até domingo (02/06), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
O congresso é realizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e tem como tema central “O (im)pertinente compromisso social da Psicologia na resistência ao Estado de exceção e nas redes de relações políticas, econômicas, sociais e culturais”.
Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, que participou da cerimônia de abertura, o momento que a sociedade brasileira está vivendo exige a união de forças para o enfrentamento aos retrocessos sociais e a garantia de novos avanços. “Para que possamos superar os obstáculos que estão sendo colocados para nós neste momento da história, é preciso pensarmos no todo e não somente em áreas específicas. Assim, caminhando de mãos dadas, fortaleceremos a luta”, avalia Pigatto, ao destacar a importância do CFP coordenar a Comissão Intersetorial de Saúde Mental (CISM) do CNS e a parceria entre os dois conselhos.
Entre as atividades promovidas entre os conselhos está a Conferência Livre “Retrocessos da Nova Política de Saúde Mental: Resistir e Avançar”, realizada em maio deste ano. O evento faz parte das atividades preparatórias da 16ª Conferência Nacional de Saúde e discutiu as mudanças recentes na Política Nacional de Saúde Mental (PNSM), que ferem os princípios da reforma psiquiátrica.
“A chamada nova política de saúde mental é um exemplo de retrocesso, feito ao arrepio do controle social. Mas há resistência, pois acreditamos que as conquistas de quase três décadas da reforma não serão simplesmente apagadas. Seguiremos afirmando: nenhum passo atrás, manicômio nunca mais”, afirmou o presidente do CFP, Rogério Gianini.
O 10º CNP é a instância máxima de deliberação do sistema de conselhos de psicologia. Com um amplo processo de debates, que iniciaram nos conselhos regionais, o congresso tem entre os objetivos convocar os psicólogos para discutirem sobre a conjuntura atual e construírem as diretrizes, que devem orientar as ações dos conselhos, para os próximos três anos.
O presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Leonardo Pinho, reconheceu o compromisso histórico dos psicólogos na construção de direitos humanos. “É preciso valorizar essa categoria que constrói o seu código de ética baseado nos direitos humanos. Tenho assistido o conjunto de ataques à psicologia brasileira e esses ataques ferem a base constitutiva de uma categoria, esse compromisso da psicologia brasileira com os direitos humanos que estão sendo atacados”, avalia Pinho.