Agências. O presidente da Alemanha, Christian Wulff, renunciou ao cargo nesta sexta-feira por causa de um escândalo de favorecimento político que há meses abala seu governo. A decisão é um duro revés para a chanceler Angela Merkel, que o indicou para o cargo e neste momento concentra sua atenção na crise do euro.
“A Alemanha precisa de um presidente que tenha a confiança não só da maioria dos cidadãos, mas da ampla maioria dos cidadãos”, afirmou Wulff. “Os acontecimentos dos últimos dias e meses mostraram que essa confiança e, portanto, minha capacidade de trabalho, foram comprometidas.”
O escândalo começou em dezembro, quando Wulff foi acusado de receber um empréstimo privado quando era senador. Depois, em janeiro, o presidente foi alvo de duras críticas por causa de um telefonema furioso que fez ao editor de um jornal do país, fazendo ameaças antes da publicação de uma reportagem sobre o caso.
Nenhum dos dois acontecimentos fez com que um inquérito fosse aberto, mas agora procuradores de Hannover (norte do país) querem investigar se Wilff aceitou favores do produtor de cinema alemão David Groenewold. Entre os favores estaria o pagamento de uma estadia em um hotel de luxo em 2007.
Para que a investigação possa ser aberta, na quinta-feira a Procuradoria de Hannover pediu que a imunidade judicial de Wulff seja suspensa.
Ao anunciar sua renúncia, o presidente alemão disse ter certeza de que provará sua inocência. “Sempre me comportei corretamente em todos os cargos que ocupei”, afirmou. “Cometi alguns erros, mas sempre fui honesto.”
Wulff renuncia após menos de dois anos como presidente, um cargo simbólico na Alemanha. Angela Merkel aceitou sua renúncia e disse que vai buscar um acordo com a oposição para definir seu sucessor. Por causa da crise, a chanceler cancelou uma viagem à Itália nesta sexta-feira.
Com a renúncia de Wulff, o presidente da Câmara Alta do Parlamento – Horst Seehofer, que integra o bloco conservador de Angela Merkel – assume a presidência em caráter interino. Uma assembleia parlamentar especial formada por legisladores da Câmara Baixa e representantes dos 16 Estados do país tem 30 dias para eleger um sucessor. A coalizão de centro-direita da chanceler tem uma pequena maioria na Assembleia.