São Paulo – Para o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), a operação envolvendo a Embraer e a Boeing é um crime de lesa-pátria. Na segunda-feira (14), funcionários da fabricante brasileira de aviões estiveram em Brasília e participaram de audiências com representantes da governo. O objetivo é tentar convencê-los a não realizar a venda.
O acordo, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, implica na criação de uma joint venture, que consiste na criação de uma nova empresa a partir das duas companhias.
Segundo as normas do acordo, a Boeing passaria a controlar 80% do novo negócio, deixando a empresa brasileira com 20%. Após os dez anos de duração da joint venture, a companhia americana teria direito à compra dos 20% da Embraer.
O presidente do sindicato, Weller Gonçalves, afirma que não se trata de fusão, mas de “entrega de patrimônio nacional”. “O próprio presidente da Embraer disse que a empresa tem condições de sobreviver sem a fusão. Nos últimos três meses, eles venderam mais de 100 aeronaves”, afirma ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual.
De acordo com o professor de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Mello, o negócio envolvendo as duas fabricantes é um exemplo de falta de visão de futuro e de projeto para o país. Ele lembra que a Embraer ganhou destaque na última década como uma empresa de sucesso no cenário internacional da aviação civil.
“Se não queremos ser um país de pesquisa e que compete internacionalmente, vamos ser um exportador de carne e soja? Isso basta para uma nação pequena, mas para nós, não. Isso mostra a falta de ambição, desde o governo Temer para cá. Venderam os ativos da Petrobras, agora a Embraer”, critica.
Weller Gonçalves reiterou que a categoria está mobilizada em defesa da Embraer e pela suspensão do negócio. “Somos os representantes legítimos dos trabalhadores, que os elegeram, então eles devem nos reconhecer”, afirma.
Em ação civil pública, os trabalhadores argumentaram que a transação entre a Boeing e a Embraer fere a Lei das Sociedades Anônimas e que o negócio entre as empresas não se trata de uma joint venture, mas da venda do braço mais rentável da fabricante brasileira.