Por Agatha Azevedo.
O MST nasceu na região do Alto Paranaíba em 2008 e, contrariando o cenário adverso de grandes latifundiários e do agronegócio, ao longo dos 10 anos de história a regional foi foco de resistência.
Hoje, o Movimento mantém dois acampamentos e um assentamento, mas Wilson Leonel, um dos coordenadores da região, conta que já foram mais de 20 ocupações realizadas. Para ele, o que faz o povo do Alto Paranaíba seguir resistindo é a organicidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra: “A construção do MST não é somente pela terra, mas é de uma formação grandiosa. A gente entende a luta e como se organizar”, afirma.
A regional homenageia o legado de luta de Ismene Mendes, que foi assassinada em 1985. A história da lutadora do povo, que era advogada e fez muito pela região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é bastante controversa. Depois de ser atraída para uma emboscada, Ismene foi assassinada. O processo tramita até hoje na Comissão da Verdade em busca de justiça, e é uma lembrança da importância de lutar e combater a violência contra a mulher.
Com vontade de seguir na luta por direitos e cansados de sofrer repressões, os trabalhadores e as trabalhadoras rurais da região buscaram o MST. O primeiro contato foi feito com o companheiro José Nunes, o Zequinha, que faleceu este ano.
Assentado no Ho Chi Minh, município de Nova União na região metropolitana de Belo Horizonte, ele ajudou a construir a regional e deixando o legado da mística sem terra de cooperação e coletividade. A primeira bandeira da região foi feita neste mesmo período com um pano vermelho simples, onde se escreveu MST de preto e, assim, em 2008, foi feita a primeira ocupação no Alto Paranaíba.
Os acampamentos Quilombo Dandara e Ismene Mendes levam nomes de mulheres que resistiram à opressão. Segundo Fernanda Silva, uma das coordenadoras da região, a luta das mulheres inspira a ter força.
“Eu não conhecia a história da Ismene até entrar para o Movimento. Assim como a Dandara, ela tem uma história de luta, por isso, é importante que possamos conhecer a luta das mulheres para nos inspirarmos e seguirmos”, conclui.
A regional segue firme na resistência com uma vasta produção de leite e derivados. Além disso, são cultivados grãos, como o arroz integral e o comum, feijão, cachaça e mel.
A técnica da apicultura, que concentra a produção de própolis e pomadas medicinais derivadas do mel também vem ganhado espaço. E tudo isso e muito mais poderá ser encontrado no 2º Festival Estadual de Arte e Cultura da Reforma Agrária, que acontece entre os dias 14 e 16 de dezembro.