Por Nathalí Macedo.
Bolsonaristas têm protestado de maneiras diversas no cinema contra as cenas gays de “Bohemian Rhapsody”.
A heterossexualidade do fã de Bolsonaro é tão frágil que até uma menção sutil à bissexualidade é capaz de feri-la.
Por que tantos conservadores insistem em se dizer fãs de Freddie Mercury se não respeitam sua sexualidade?
Pior do que isso, se procuram negá-la?
O problema não é exatamente ser homossexual: é não performar a masculinidade imposta a todo o clã.
A pessoa se sente pessoalmente traída quando outro homem não “age como homem.”
Preferem que seja dissimulada parte importante da história de seu ídolo à vergonha de assumir que se emociona com a voz de um gay.
Essas pessoas não conseguem alcançar a arte de Freddie Mercury porque desprezam o fato de que toda arte visceral carrega a história de seu criador, por isso importa que a história seja conhecida e contada sem buracos ou dissimulação.
E é por isso que eles não entenderam nada do The Wall. É por isso que eles não entenderam nada da saga Star Wars e de seus HQ’s prediletos.
Eles não querem arte, querem entretenimento vazio.
Ninguém pode saber o que diria a maior voz da história do rock mundial se estivesse vivo, mas temos analogias possíveis: questionado sobre o porquê de não levantar a bandeira LGBTQ, Ney Matogrosso disse certa vez que não é apenas a sua sexualidade.
O próprio Freddie Mercury deixa o recado no filme: “O que mais querem saber? Eu componho.”
O mundo está rolando ladeira abaixo em direção a um poço sem fundo de caretice.