Por Ana Sophia Sovernigo.
A Origem nasceu do sonho de sustentabilidade de 3 amigos, que colocaram em prática o negócio de um restaurante que cause o menor impacto possível na natureza. Com uma equipe de 5 pessoas e ideias simples e inovadoras, a empresa se destaca na área de consciência ambiental.
Segundo o Instituto Lixo Zero Brasil, um estabelecimento, para ser considerado lixo zero, deve produzir apenas 10% de rejeitos. Isso quer dizer que 90% ou mais de todo o lixo produzido deve ser destinado corretamente.
O movimento Lixo Zero eclodiu nas redes sociais principalmente depois da polêmica do uso de canudos plásticos, que demoram mais de 500 anos para se decompor. Na Origem, o canudo nunca chegou a ser utilizado, assim como nenhum outro descartável desse material.
Tudo começou em outubro de 2016, quando os três sócios, Arthur Ferreira dos Santos, Alexandra Lemos e Joana Wosgrau Câmara largaram suas profissões para realizar o sonho de um empreendimento sustentável. Inicialmente, o trabalho era só com delivery e os pratos eram feitos na cozinha do apartamento de Arthur.
Os primeiros produtos produzidos pela Origem foram saladas no pote. Além de serem saudáveis, elas têm um importante diferencial: os potes de vidro são retornáveis. A cada pote devolvido, o cliente ganha 1 real de desconto.
Em agosto de 2017 a Origem passou a ter um espaço físico, no bairro Santa Mônica. Para os sócios, ter um negócio ecologicamente correto nunca foi algo discutido entre eles. “Nunca sentamos e pensamos ‘vamos ser lixo zero’. Era algo intrínseco, sempre foi assim. Simplesmente não faria sentido ser de outro jeito”, comenta Alexandra.
Outra iniciativa da empresa é o projeto 1 por 1, em que a cada compra, R$1 é investido num projeto social da cidade. Entre os projetos apoiados estão o É o Bicho, Casa Lar Emaús, Cidades Invisíveis, Projeto Resgate e a Creche Vó Inácia.
Atualmente, os pedidos por delivery são feitos majoritariamente pela empresa Pedivento, que faz as entregas de bicicleta. Nas embalagens, além de potes e garrafas de vidro retornáveis, os talheres utilizados são biodegradáveis e os copos são de papel.
Segundo Alexandra, o maior resíduo produzido pelo restaurante é o lixo do banheiro, que ainda não é compostado. Além disso, outro grande desafio é mudar o sistema de entrega dos fornecedores que, em sua maioria, entregam produtos embalados em plástico, como os sacos de frango, tofu, bandeja de cogumelos e plástico filme.
Lá, não são utilizadas sacolas plásticas para as entregas. A sacola de papel pode ser devolvida e reutilizada até que for possível, para aproveitar o máximo de recursos.
Na cozinha, ao invés de utilizar uma esponja descartável, a empresa optou por usar uma bucha feita com restos de redes de pesca reciclados.
Todo resíduo orgânico produzido é levado para a compostagem, pela empresa Agroecológica, que faz a coleta no restaurante 2 vezes por semana. O lixo é reunido em bombonas que permitem que os restos de alimentos sejam depositados sem a necessidade de utilizar sacos plásticos.
Além de mandar seu próprio lixo para a compostagem, a empresa resolveu engajar os moradores da rua, criando o Projeto Semente.
O sistema é simples: com dois pontos de coleta, um no restaurante e outro no fim da rua, a empresa retira o lixo orgânico das bombonas e leva para compostar. O custo de cada retirada de resíduo é de 15 reais por bombona, o que é feito 2 vezes por semana.
Por semana, a Origem e os moradores da rua produzem cerca de 63kg de lixo orgânico, que depois se transforma em adubo, podendo ser utilizado em hortas domésticas, por exemplo.
Com iniciativas simples e sustentáveis, a Origem caminha para se tornar um estabelecimento completamente Lixo Zero, ao mesmo tempo que procura engajar outros moradores a fazerem o mesmo em suas casas.