Pesquisa revela que 50,8% dos homens trans de 11 a 19 anos já tentaram suicídio

Foto: Reprodução

O suicídio continua sendo um dos assuntos mais tabus, porém mais necessários para ser discutido pela sociedade. Afinal, a cada 40 segundos um caso é registrado no mundo. E se há preocupação no aumento nos casos envolvendo suicídio de crianças e adolescentes – aumentou 65% de 2004 a 20015 – isso fica ainda mais alarmante se falamos na população trans.

Um estudo publicado pelo jornal Pediatrics trouxe à tona os índices de tentativa de suicídios envolvendo adolescentes norte-americanos. Ele foi realizado com jovens de 11 a 19, que estão no grupo de seis identidades de gênero – mulher cis, homem cis, homem trans, mulher trans, em questionamento e não-binário. E revelou que a população trans está no topo das tentativas de suicídio entre 2012 e 2015.

O Transgender Adolescent Suicide Behavior (comportamento Suicida de Adolescentes Trans), do professor Russel B. Toomey, apontou que de maneira geral 14% dos adolescentes revelaram terem uma tentativa de suicídio em suas vidas – o que já é algo preocupante e alarmante. Dos homens trans que participaram 50,8% revelam que tentaram cometer suicídio.

Outros dados aponta que 41,8% das pessoas não-binárias revelaram já terem tentado cometer suicídio. Mulheres trans representam 29,9%. Já pessoas que ainda questionam a sua identidade de gênero representam 27,9% dos casos. Das pessoas cis, 17,6% das mulheres cis revelaram já ter alguma tentativa de suicídio. E 9,8% dos homens cis sinalizaram “sim” na pergunta: “Você já pensou em se matar?”.

Diversos psicólogos e especialistas informam que, apesar de a população trans estar na topo da lista de suicídios, a transgeneridade não é a causa que leva muitos jovens a estarem suscetíveis ao suicídio. Mas toda a transfobia e pressões que ele ou ela sofre no decorrer da vida. Heather Hutzi, psicóloga-chefe do Hospital Infantil de Orange County, Califórnia, disse à CNN que as altas taxas de suicídio aumentam o estigma sobre eles e a falta de compressão. E informa que sentir-se “marginalizado, estigmatizado e isolado” é que levam as pessoas à depressão, muitas vezes às drogas e aumentam o risco de suicídio.

A pesquisa reforça a importância de prevenir o suicídio e que as iniciativas devem melhorar o atendimento específico, tendo em vista a extensa diversidade dentro das populações trans, focando sobretudo no aumento de risco de adolescentes homens trans e não-mulheres.

NO BRASIL

Ainda faltam dados mais complexos sobre o suicídio envolvendo pessoas trans no Brasil, mas o relatório chamado Transexualidades e Saúde Pública no Brasil”, do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT e do Departamento de Antropologia e Arqueologia, revelou que 85,7% dos homens trans já pensaram em suicídio ou tentaram cometer o ato. Ele foi divulgado pelo NLUCON em 2016.

No mês de setembro, há a campanha “Setembro Amarelo”, iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), de combate ao suicídio. Lembrando que o Centro de Valorização da Vida (CVV) faz atendimento 24 horas por dia pelo disque 141 para todas as pessoas que estão com pensamentos, cogitam ou querem cometer suicídio.

2 COMENTÁRIOS

  1. Entendo esse tipo de “denúncia”, este alerta para a alta de suicídio entre homens trans. Acho importante denunciar para nos dar visibilidade. Mas me angustia pois parece que, no mais das vezes, a notícia resvala ao nada de conclusões sobre a realidade de homens transexuais no Brasil, e muito menos parece ser possível tirar algo disso, por meio de políticas públicas. Acredito que primeiramente deveríamos esclarecer e descrever quais as reais pressões (causadas pelas nossas questões trans) que nós enfrentamos na adolescência e vida adulta para que que a prevenção do suicídio (depressão, etc) entre nós adquira credibilidade e cubra nossas especificidades. Infelizmente poucas pessoas pesquisam sobre nossa realidade, parece que nossas dores ficam “ensimesmadas”, ditas por nós para nós mesmo, e são passadas de boca em boca. Assim, ficamos invisibilizados e, quando tentam falar de nós, usam o mero denuncismo vazio…

    • Luz, Desacato sempre dá visibilidade as questões LGBT, é só conferir na nossa produção. Se quiser aprofundar sobre o assunto, é só escrever e enviar para nós. Um abraço

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