Alckmin e Bolsonaro reforçam projeto Temer de precarização do trabalho

Foto: Nelson Jr./ASICS/TSE.

Por Railídia Carvalho.

Adilson Araújo afirmou que as candidaturas à presidência de Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) são do campo de Michel Temer. “Não é só Henrique Meirelles que é candidato do Temer, Alckmin e Bolsonaro também são e tantas outras candidaturas camaleônicas”. 

“A agenda regressiva de Michel Temer, que aprofundou o desemprego e atinge 65 milhões de desalentados no país teve o PSDB e o centrão, que apoia Alckmin, como líderes do projeto do Estado mínimo, privatizações, reforma trabalhista e a defesa da reforma da Previdência”, argumentou Adilson.

Sobre a candidatura de Bolsonaro, Adilson acrescentou. “É a mesma agenda do PSDB e do centrão com viés fascista, autoritário, misógino e intolerante”. Ele alertou ainda para as candidaturas de rótulo diferente mas com o mesmo conteúdo governista. “O Partido Novo é um deles com agenda velha e retrógrada. Está ao lado de outros que defendem o liberalismo e querem subordinar os interesses da nação ao capital”.

Trabalho de qualidade

O tema emprego de qualidade foi levantado por Fernando Haddad na terça-feira (5) em visita aos trabalhadores da Mercedes-Benz e da Ford, do ABC paulista. O ex-prefeito de São Paulo é candidato à vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula. 

“Não é qualquer tipo de emprego. Nós queremos gerar empregos de qualidade, com formação profissional, com salário mais elevado”, discursou Haddad. Segundo o ex-prefeito de São Paulo, prevalece hoje no palácio do Planalto um projeto de desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e da Constituição Federal.

Adilson reiterou que os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o saldo de dois anos de governo Temer caminha no sentido contrário do trabalho de qualidade defendido por Haddad. Essa conta tem efeito no bolso e na dignidade do trabalhador.

Se comparado ao trimestre encerrado em julho de 2015, o Brasil viu crescer a taxa nacional de desemprego (de 8,6% para 12,3%), ou seja, são 3,3 milhões a mais de desempregados. No mesmo período somam-se 500 mil desocupados e 2 milhões de empregos informais a mais.

Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o trabalhador teve perda média de R$ 14 reais no salário após a aprovação da reforma trabalhista. “Impacto significativo para quem ganha salário mínimo”, disse André Santos, técnico do Diap.

“Neste cenário, é imposto ao trabalhador um emprego que foge ao conceito de trabalho decente definido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Para a organização o emprego de qualidade é um emprego bem remunerado, que garante salário digno, equidade e igualdade de oportunidades”, ressaltou Adilson Araújo.

“O trabalho intermitente, temporário, a terceirização sem limites não são condições decentes de trabalho. Todas são mudanças inseridas pela reforma trabalhista elaborada e sancionada pelo governo Temer com aval do PSDB, por exemplo. Não é digno um trabalhador não receber sequer um salário mínimo e viver de bicos”, exemplificou Adilson.

Retomar o ciclo civilizacional

Na opinião de Adilson, as eleições são a oportunidade de mudar o curso do projeto de governo que foi implantado no país a partir do golpe de 2016 que afastou sem crime de responsabilidade a presidenta eleita Dilma Rousseff. “A retomada do crescimento econômico precisa estar pautada na geração de emprego, renda e valorização do trabalho e do trabalhador”.

O dirigente lembrou que nas gestões do ex-presidente Lula houve a maior valorização do salário mínimo dos últimos 50 anos. “Naquele período foram gerados empregos que responderam a uma defasagem histórica. Por mais de uma década trabalhadores conseguiram reposição da inflação e aumento real de salário”.

“O trabalhador também ganhou na sua formação com as políticas educacionais como Prouni, Pronatec, Fies, Enem. Tudo isso ajudou o trabalhador a potencializar a qualidade do seu trabalho. Essa política de valorização do salário, das condições de trabalho, da geração de empregos rebateu na economia e atingimos um patamar de crescimento de 7,5% em 2010. Hoje com a dissolução dessas políticas o rebatimento é negativo na economia”, comparou Adilson.

A comparação de projetos começa a ser feita pelos trabalhadores, disse Adilson. “A classe trabalhadora vai entendendo que é necessário dar um novo curso à política. Ela não quer mais pagar o preço”. De acordo com o dirigente, o resultado das pesquisas eleitorais são a prova disso.

Pesquisa realizada entre os dias 1º e 2 de setembro mostram que Lula subiu para 37% pela pesquisa do BTG Pactual. O resultado vem após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar registro da candidatura do ex-presidente. Números de 25 a 26 de agosto mostravam Lula com 35%. Novas pesquisas aguardam posicionamento do TSE para serem divulgadas.

“Se divulgadas as pesquisas do Ibope teríamos mais uma prova de que se as eleições fossem hoje Lula ganharia no primeiro turno. Isso só é possível porque Lula tem um legado e é o legado que respalda a possibilidade de o Brasil retomar o rumo da política de forma a contribuir para um novo estágio de desenvolvimento focado em uma política em defesa da democracia, soberania e direitos do nosso povo”, destacou Adilson.

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