Por Laerte Braga.
Geraldo Alckimin e Gilberto Kassab são duas pessoas que sorriem à sua frente e enfiam a faca pelas costas. Um é tucano, outro é assemelhado. Um pertence a OPUS DEI – ordem religiosa fascista que controla o Vaticano – e outro tem sua própria quadrilha, agora chamada PDS, ou coisa assim.
A juíza Márcia Faria Mathey Loureiro, da 6ª Vara Cível, na calada da noite, autorizou o governo do estado a invadir o bairro de Pinheirinho e reintegrá-lo a seus dois “proprietários”, os bandidos Nagi Nahas e Daniel Dantas. Desobedeceu a um despacho de um desembargador do Tribunal Regional Federal da região alegando não ter sido notificada.
Mentira. Está no bolso dos bandidos. Tinha plena consciência do crime que cometeu, mas com certeza a propina compensou. A decisão do desembargador foi tomada na sexta-feira, dia 20 e foi pública e notória a partir dos veículos de comunicação, inclusive da mídia venal, a de mercado.
O resultado?
Um massacre promovido pela Polícia Militar contra mais de seis mil pessoas. Polícia Militar é um instrumento das elites políticas e econômicas, braço de quadrilhas de bandidos como Nahas, Dantas, Kassab, Alckimin e em qualquer estado da dita Federação brasileira é assim. Existe para isso. Tem a natureza bárbara, boçal, corrupta, ingredientes característicos do modelo político e econômico.
E a covardia, naturalmente. Não era nem necessário escrever. Como “instituição policial” não existe, é uma anomalia. Resquício que vem desde os tempos das antigas províncias e seus “coronéis” e se mantém intacta em seu caráter de aberração com os atuais chefes políticos, donatários de um País cada vez mais dominado por um capitalismo selvagem e criminoso, o que também é desnecessário dizer, pois o capitalismo em si é selvagem e criminoso.
A mídia de mercado limitou-se a noticiar o fato sem a sua devida importância, já que é outro braço dos bandidos. E dominada e dirigida por bandidos.
Uma juíza estadual propinada pode mais que um desembargador federal.
É o efeito 700 mil reais que o “ministro” Marco Aurélio Mello, usou para salvar a pátria de César Peluso e Ricardo Lewandowsky na corrupção que permeia o Judiciário em sua maioria hoje. Limitar a ação do CNJ – Conselho Nacional de Justiça.
Havia um acordo para suspensão do pedido de reintegração de posse. O governo federal manifestara interesse em encontrar uma solução para garantir o direito dos moradores do Pinheirinho. Mas vale mais uma juíza corrupta na calada da noite, um governador amoral e fascista e um prefeito movido a propina e outras coisas mais.
O que está acontecendo – no momento que escrevo – é um massacre contra civis desarmados, contra trabalhadores, em defesa dos interesses de dois criminosos que remuneram governos como o de Alckimin.
São os quatrocentos vestidos de D. Lu Alckimin para “ajudar os pobres” e guarnecer seu guarda-roupas.
Esquema mafioso FIESP/DASLU. Nagi Nahas e Daniel Dantas entram e saem da cadeia sem qualquer problema. Têm Gilmar Mendes à disposição para conceder habeas corpus, juízes em instâncias inferiores e são patrões de Alckimin e Kassab.
Em São Paulo a democracia – fajuta – foi para o espaço. O estado de direito entortou. O juiz que comanda in loco a operação é irmão de um deputado do PSDB.
A despeito dos crimes revelados pelo livro PRIVATARIA TUCANA a quadrilha continua a agir impunemente.
E onde está ou estava o ministro da Justiça que é de São Paulo, deveria ter imediatamente se dirigido ao empregado de Dantas e Nahas, o que chamam governador?
Por volta das 11 horas da manhã uma Oficial de Justiça entregou ao juiz estadual Rodrigo Capez – corrupto também – uma ordem do juiz federal de plantão Samuel de Castro Barbosa Melo suspendendo a reintegração de posse. Irmão do deputado tucano Fernando Capez, o juiz estadual disse na bucha que não iria cumprir a ordem, pois havia um “conflito de competência”. Deve ser preso imediatamente. Teria que aguardar a decisão sobre o conflito que alegou existir. Capez estava no local comandando a violência.
O Judiciário Federal é outro que foi para o espaço nessa operação. Desacatado em todos os sentidos.
Será que alguém acredita que a Corregedoria Estadual vai punir os juízes como quer Marco Aurélio Mello, castrando o Conselho Nacional de Justiça para salvar 700 mil reais de César Peluso e Ricardo Lewandowsky?
E as famílias do Pinheirinho? As vítimas do massacre?
O STJ – Superior Tribunal de Justiça – signatário de um acordo com o Banco Mundial para garantir a propriedade privada, devolveu as fazendas de Daniel Dantas e as 450 mil cabeças de gado, anulando a Operação Satiagraha. As provas colhidas pelo delegado e hoje deputado Protógenes Queiroz mostravam que os bens eram produto de lavagem de dinheiro do criminoso. Foram declaradas nulas pelo STJ.
A ordem foi dada pelo juiz Douglas Camarinha Gonzáles, que cumpriu a decisão do STJ e que ao fazê-lo deixou registrado de forma clara – “decisão judicial não se discute, cumpre-se”.
O que o episódio de Pinheirinho deixa claro e outros, as manifestações estudantis em Vitória, Teresina e em Recife, toda a corrupção envolvendo o governo Roseana Sarney, o que tudo isso mostra é que vivemos uma democracia de fachada, num País cada vez mais privatizado e um Estado controlado por banqueiros, grandes corporações e latifundiários.
A imensa e esmagadora maioria de governadores, senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, prefeitos, membros do Judiciário, são meros empregados desses controladores.
Vale dizer que não existe saída dentro da chamada ordem institucional, pois nela não existe de institucional nada além do capitalismo voraz e sua principal conseqüência, ou seu principal aliado, a corrupção. Ou os dois.
A luta popular é o caminho para a democracia real e efetiva e se faz com organização e objetivos claros e definidos que não passam por eleições em que bancos, empresas, latifúndios e “igrejas” compram mandatos.
O fecho dessa semana tanto foi a barbárie em Pinheirinho, como a reação dos moradores do bairro. Um exemplo. Mas ainda assim insuficiente para enfrentar os quadrilheiros que se apossaram da máquina estatal.
Imagem tomada de: virusplanetario.net