Por Raíssa Lopes.
A medicina popular é uma prática muito antiga, que nasceu antes mesmo do Brasil ser chamado de Brasil. Apesar dos desafios impostos pela tecnologia desenfreada, a atividade segue pelos cantos do país. Prova disso é que, nos próximos dias, acontecem três eventos em Belo Horizonte e região metropolitana que resgatam os saberes tradicionais e os seus benefícios para a saúde do corpo e da mente.
Ancestralidade
Um deles é o Lapinha Museu Vivo, de 1 a 3 de junho na cidade de Lagoa Santa. Lá, a população vai acessar as medicinas tradicionais orientais, passes energéticos da umbanda e do candomblé, chás medicinais, meditações e ensinamentos sobre a importância da respiração no processo da cura.
“Fortalecer a medicina popular é uma atitude política importante nesse momento. É uma forma de enfrentamento à política de saúde do país, que envolve os grandes laboratórios, a corrupção médica e a saúde como projeto de lucro. Além disso, é uma maneira de garantir formas de cura e autocura para a população”, declara Mestre João, criador da Associação Cultural Eu Sou Angoleiro, uma das organizações que constroem o evento.
Conhecimento
O 3º Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude começa no dia 31 de maio e vai até 3 de junho, em Ibirité, com jovens de todo o estado. No local, o setor de saúde vai promover contato com chás, práticas das benzedeiras, parteiras e as mais diversas terapias corporais.
Nathália Ramos, enfermeira e militante do movimento, explica que um dos objetivos é incentivar que os jovens aumentem o contato com práticas de saúde, além de preservar a cultura do Brasil. “Precisamos explicar que aquele chá que nossa vó oferece é tão bom quanto um comprimido, e que esse conhecimento das curandeiras está se perdendo”, salienta a jovem.
Agroecologia
De 31 de maio a 3 de junho vai rolar em Belo Horizonte o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), que discute a agroecologia, agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional. A expectativa é que participem do evento duas mil pessoas.
Com toda essa energia, não poderiam faltar debates sobre a medicina popular, as sementes, questão da água e as alternativas contra o uso de agrotóxicos e transgênicos. “Tudo isso se relaciona, não se separa”, destaca uma das construtoras do espaço de saúde, Laura Cardoso, que é bióloga e participa de diversas organizações que desenvolvem a agroecologia em Minas Gerais.
Na abertura do ENA, um grupo de benzedeiras realiza a benzeção de todo o evento. Nos demais dias, além da troca de saberes, serão ofertados serviços das raizeiras e práticas que tratam o corpo e a mente, como a acupuntura e o reiki. “Nós trabalhamos com uma saúde integral. A agroecologia não é só um modo de produção, ela pressupõe a saúde das pessoas, do ambiente, uma interação mais saudável com a natureza”, relata Laura.
A medicina popular também é tema de debate no dia 1 de junho, no qual os participantes falarão sobre as conquistas, experiências e desafios do setor.
Participe!
Lapinha Museu Vivo
O evento terá discussões importantes como a resistência das mulheres negras, oficinas de Capoeira Angola, Tambor de Crioula e muito mais. Para se inscrever, acesse: www.facebook.com/lapinhamuseuvivo.
Acampa do Levante
O tema deste ano é “Juventude mineira no batuque do povo: defender a democracia, construir um Brasil novo”. Para se inscrever, acesse: www.facebook.com/levantemg.
ENA
O lema é “Agroecologia e democracia unindo o campo e a cidade”. Os participantes também debaterão a reforma agrária, economia feminista, entre outros assuntos. Para se inscrever, acesse: www.facebook.com/articulacaonacionaldeagroecologia.
Edição: Rafaella Dotta