Por Caroline Dall’Agnol, de Caxias do Sul-RS, para Desacato.info
Os olhares atentos na televisão por qualquer nova mudança sobre a greve dos caminhoneiros são contagiantes no restaurante do centro de Caxias do Sul, no RS. Na fila para pesar a refeição as frases se mutiplicam “Nossa, a coisa vai piorar”, “Ah! Mas alguém precisa fazer alguma coisa pro país, do jeito que tá, não dá”, “Olha, a greve é ruim, mas é único jeito”. Se multiplicam também o barulho da buzina de carros e motos que ainda rodam pela cidade.
O município que é o berço do segundo polo metal mecânico do país também é um dos poucos do Rio Grande do Sul que paralisou por completo as aulas nas escolas municipais – até sexta-feira. As do estado paralisaram na segunda e hoje retornaram, mas ainda sem ter certeza como procederá no dia seguinte. Caxias também é a cidade, no Rio Grande do Sul, que por primeiro anunciou o desfalque da gasolina nos 60 postos de combustíveis. No noticiário local a informação é que os postos que receberam gasolina nesta terça estão bloqueados pela população. Os táxis, depois de muito perderem corridas para os ubers, ganharam espaço por rodarem com gás e não com o líquido mais cobiçado do país. Que ironia do destino, não é mesmo?!
Mais irônico é saber que as empresas nacionais Randon e Marcopolo, as mesmas que são responsáveis pela fabricação dos chassis de caminhões de todo o país, paralisaram suas atividades até sexta-feira por não terem material de produção.
Mesmo com trabalhadores parados das indústrias e das escolas públicas, carros sem gasolina e bloqueios nas estradas da cidade – ERS 122, RSC 453, BR 116 – o comércio se mantém intacto: portas abertas, mesmo que o movimento seja apenas dos próprios funcionários e funcionárias. Aliás, o movimento na verdade está do lado de fora, com paradas de ônibus lotadas em função da redução dos horários de ônibus. A Visate, empresa responsável pelo transporte público, já anunciou que nesta quarta-feira vai operar com o horário de sábado.
O levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e dos grupos rodoviários da Brigada Militar registrou 25 pontos de manifestações, só nas rodovias da serra gaúcha.
Esse é o resumo da terça-feira, em Caxias do Sul, sem saber ao certo como será o dia de amanhã.