Durante uma reunião com líderes regionais da Califórnia, realizada na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou novamente o México e os imigrantes.
Um dos temas centrais da reunião foi o caráter de “estado santuário” da Califórnia, lei promovida pelo governador democrata Jerry Brown que concede maior proteção aos imigrantes ilegais, e a maneira como as lideranças das cidades presentes haviam “resistido valentemente às letais e inconstitucionais leis estaduais de santuário”.
A lei SB54, que entrou em vigor dia 1 de janeiro na California, proíbe a cooperação entre agência policiais locais e autoridades migratórias.
Trump, em um de seus comentários que pode ser considerado um dos mais despolitizados do governante contra os imigrantes, assegurou que aqueles que cruzam a fronteira “não são pessoas, são animais”. Após essa fala, se vangloriou do ritmo no qual a polícia migratória e a patrulha da fronteira estão efetuando as deportações.
Segundo a agência EFE, após consultar ao público presente, o representante do condado de San Diego, sobre se o México ajudava no combate à imigração daqueles sem visto, Trump afirmou que o México, apesar de falar sobre sua cooperação, “não faz nada” na fronteira “nem ajuda muito no comércio”.
Apelando para a retórica do medo, Trump disse “temer” que integrantes da Mara Salvatrucha – gangue composta principalmente por salvadorenhos que atua nos Estados Unidos e na América Central, aos quais Trump já se referiu como “animais” e “terroristas” em outras oportunidades- se instalem. Muitos da plateia também buscam justificar suas políticas migratórias ocultando não só a xenofobia do governante e os setores aos quais representa, mas também o papel que os Estados Unidos teve na formação da Mara Salvatrucha e outros efeitos dos quais busca agora se desvencilhar, como a fome, a violência, e a pobreza da região, da qual é também um dos principais responsáveis.
Em resposta, Jerry Brown publicaria uma mensagem em sua rede social em que assegurou que Trump mentia nos números de imigrantes, sobre o crime e as leis californianas.
Trump está mentindo sobre a imigração, mentindo sobre a criminalidade e mentindo sobre as leis estaduais da Califórnia. Está se iludindo pela bajulação de uma dúzia de políticos republicanos e seus aplausos à sua imprudente política que não muda nada. Nós, os cidadãos da quinta maior economia no mundo, não estamos impressionados.
À reunião compareceram também o Procurador-Geral, Jeff Sessions; a Secretária de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen; assim como o diretor de Serviço de Imigração e Controle Aduaneiro (ICE), Thomas Homan.
Trump se referiu além disso especificamente às famílias de migrantes ilegais, cuja separação culpou a oposição democrática por “não querer fazer mudanças” (ou seja, por não aceitar na íntegra a política imigratória proposta por ele), ainda que tenha sido na sua administração que semana passada anunciou que processaria todos os imigrantes que cruzassem sua fronteira, incluindo famílias inteiras.
“É terrível que tenhamos que separar famílias”, se lamentava o presidente, apenas alguns dias após o vazamento de uma mensagem do Departamento de Defesa, em que se propõe a possibilidade de que quatro bases militares dos Estados Unidos sirvam para “hospedar” imigrantes menores detidos.
Estas declarações de Trump se dão uma semana após a visita a Washington do chanceler mexicano Luis Videgaray, cujo objetivo era fortalecer as relações bilaterais em meio a renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN).
A discussão de uma lei imigratória continua no Congresso americano. Enquanto se aproximam as eleições de novembro, e os anúncios das campanhas políticas, como de Michael Williams, republicano aspirante a governo de Georgia, expressam que os ataques racistas e xenófobos podem tomar novo fôlego.
Em um anúncio, que o Youtube teve de retirar devido às denúncias de racismo que despertou, Williams mostrava um “ônibus da deportação” no qual subiriam aqueles que entram nos Estados Unidos ilegalmente.