Trump anuncia saída dos EUA de acordo nuclear com Irã

Foto: Saul Loeb/AFP

Por Deutsche Welle.

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira 08 a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã e a reinstauração de sanções contra o país. O prazo final para a decisão era 12 de maio, mas o líder antecipou o anúncio.

Trump, que já havia descrito o acordo – fechado em 2015 entre o Irã, as cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia) e a Alemanha –  como “o pior da história”, classificou o pacto de “horrível e unilateral”.

O presidente afirmou que os EUA “não serão mantidos reféns de uma chantagem nuclear” e não vão permitir que “um regime que entoa ‘Morte à América'” tenha acesso a armas nucleares. Trump destacou ainda que sua decisão trará “grandes coisas” aos iranianos, que, segundo ele, poderão no futuro fazer um novo e duradouro acordo. “Quando o fizerem, estou pronto, disposto e capaz”, acrescentou. Trump alegou ainda que um novo pacto pode trazer paz e estabilidade ao Oriente Médio.

No âmbito do acordo, Teerã concordou com um maior controle sobre seu programa nuclear em troca do fim de uma série de pesadas sanções internacionais. Mas o Irã continuou tendo permissão para desempenhar pequenas atividades nucleares e manter estoques de urânio para fins de pesquisa e medicina.

Essa possibilidade prevista no pacto é o principal alvo de ataque do governo de Trump, que alega que ela somente atrasaria, mas não o impediria o desenvolvimento de uma bomba nuclear.

Outro ponto de críticas é a não exigência do fim das pesquisas relacionadas a mísseis balísticos. A Casa Branca argumenta que o programa iraniano de mísseis constitui uma ameaça para seus aliados árabes do Golfo e Israel.

Trump também foi contrário ao descongelamento de uma grande parcela dos ativos internacionais do Irã e afirmou que esses recursos seriam usados para financiar as “atividades desestabilizadoras” do país no Oriente Médio e grupos terroristas.

Apelos da Europa

Com a retirada, o presidente americano ignorou os apelos de seus parceiros europeus para a permanência dos EUA no acordo. Nas últimas semanas, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, foram a Washington para tentar convencer Trump a manter seu país no acordo.

Nesta segunda-feira, foi a vez de o ministro britânico do Exterior, Boris Johnson, ir a Washington, onde se reuniu com autoridades do governo americano para enfatizar a posição dos parceiros europeus.

Trump vinha exigindo, sem sucesso, modificações no acordo fechado por seu antecessor, o ex-presidente Barack Obama. O presidente havia dito que, para que os EUA não abandonassem o pacto, os parceiros europeus deveriam “consertar os problemas” do tratado.

Logo após o anúncio de Trump, o presidente francês, Emmanuel Macron, lamentou a decisão e afirmou que a Alemanha e o Reino Unido compartilham da mesma opinião. “O regime de não proliferação nuclear está em risco”, disse numa mensagem publicada em sua conta no Twitter.

Depois da decisão americana, Macron conversou com Merkel, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre o acordo e os próximos passos. Em comunicado, os três países afirmaram que continuarão membros do pacto.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu que aos signatários do pacto que continuem a cumpri-lo e afirmou estar preocupada com o anúncio americano de reintroduzir sanções contra o Irã. “O acordo nuclear com o Irã é crucial para a segurança da região, da Europa e do mundo todo”, ressaltou.

Irã fala de “guerra psicológica”

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, classificou a decisão de Trump de uma “guerra psicológica” contra Teerã e afirmou que conversará com a Rússia, a China e os países europeus envolvidos no pacto sobre a manobra americana.

“Se alcançamos os objetivos do acordo com outros membros, ele continuará valendo. Saindo do acordo, os Estados Unidos minaram oficialmente seu comprometimento com tratados internacionais”, disse Rouhani, durante um pronunciamento televisivo.

O presidente iraniano destacou que o Irã já diminuiu suas atividades nucleares após consultas com outras potências mundiais que fazem parte do acordo.

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