Trabalhadores sul-africanos são indenizados num valor de 400 milhões de dólares, o equivalente à cerca de 1,5 milhões de reais, por terem desenvolvido uma doença pulmonar incurável no ambiente de trabalho. Os trabalhadores inalavam poeira de rochas durante o trabalho, o que levou ao desenvolvimento de uma doença crônica e sem cura chamada silicose, ou seja, uma pneumonia crônica provocada pela inalação de poeira de sílica.
A maioria das denúncias realizadas são de trabalhadores negros e datam de 1965. O grupo, que é considerado o maior na África do Sul, é formado por um monopólio de mineradoras, incluindo a Harmony Gold, a Gold Fields, a African Rainbow Minerals, a Sibanye-Stillwater, a AngloGold Ashanti e a Anglo American.
O fundo montado pelas empresas, de aproximadamente 4 bilhões de dólares, para atender tanto os trabalhadores doentes quanto as famílias daqueles que faleceram e que adoeceram trabalhando nesta mineradora.
Apesar do alto valor da indenização, o que é bastante positivo, já que doenças crônicas pulmonares vão requerer um alto custo hospitalar, que podem incluir equipamentos para ajudar a respirar e remédios caríssimos, além de um alto controle do ambiente em que estão os trabalhadores doentes, este caso escancara a irracionalidade e crueldade do capitalismo.
Não existe um valor estabelecido para alguém que contraiu uma doença, ainda mais nestes níveis, em seu ambiente de trabalho. A medicina moderna é uma peça fundamental no processo de doença dos trabalhadores: ignora o ambiente de trabalho como fator social que faz parte no desenvolvimento das doenças, e foca, unica e simplesmente, em tratar sintomas para devolver os trabalhadores para a linha de produção.
Após adoecer e deixar sequelas irreparáveis na saúde e na vida dos trabalhadores e de seus familiares, um monopólio da mineração quantifica o que acha justo por adoecer eternamente um trabalhador, pagando uma quantia que nem de longe se aproxima do lucro que obtêm da exploração do trabalho e na venda de minérios.
Os países imperialistas e suas grandes indústrias exploram a mão de obra dos países de suas periferias, o que historicamente fazem com o continente africano, ampliando seus lucros às custas da saúde, sangue e suor dos trabalhadores.
Trabalhadores esses, que muito possivelmente estarão jogados à uma atenção à saúde totalmente precarizada, ou que, se buscarem atenção privada, terão uma imensa conta e um atendimento focado apenas em medicalizar e amenizar os sintomas de um estrago irreversível. O culpado dessa tragédia na vida, não apenas desses, mas de muitos trabalhadores que adoecem, por conta da exploração e das péssimas condições de trabalho, só poderá ser alcançada numa luta conjunta capaz de destruir o capitalismo, dando espaço pra uma sociedade sem classes, e também, de uma medicina, capaz de olhar a saúde pra além da doença, focando na prevenção, alimentação, na saúde do trabalhador e na qualidade de vida.