Por Schirlei Alves.
O professor da Universidade de Santa Catarina (Udesc) investigado por suspeita de assédio sexual foi afastado por 60 dias da sua função. A recomendação feita pela comissão da sindicância interna foi acatada pela reitoria da universidade, uma vez que a licença médica apresentada pelo docente completou os 30 nesta semana.
A portaria oficializando o afastamento será publicada nesta sexta-feira (20), mas a recomendação começou a valer na quarta-feira (18). O afastamento ocorre enquanto as investigações, tanto da polícia quanto da sindicância, não são concluídas.
O professor já prestou depoimento na Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami). O delegado responsável pelo caso, Paulo de Deus, não divulgou detalhes do depoimento porque a investigação ainda está em curso. A conclusão do inquérito, que deve superar os 30 dias, depende de ouvir outras testemunhas indicadas pelo investigado.
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Pelo menos oito alunas registraram denúncia na Dpcami a partir de 20 de março. O caso também foi levado a conhecimento da Udesc que abriu uma sindicância para apurar o caso. O professor, que pertence ao Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed), na unidade do bairro Itacorubi, em Florianópolis, apresentou um atestado de saúde logo após as denúncias e, desde então, não compareceu mais à universidade.
O caso se espalhou pelas redes sociais, principalmente em grupos de mulheres que têm usado as redes para trocar informações e promover proteção coletiva. Cartazes em protesto à conduta do professor também foram colados nas paredes, nos pilares e nos acessos de entrada da universidade.
O processo de sindicância aberto pela Udesc foi encaminhado à Procuradoria Geral do Estado e ao Ministério Público. O prazo de 30 dias que termina nesta semana será prorrogado por mais 30.
De acordo com a advogada que acompanha as vítimas, Isadora Tavares, as jovens estão fazendo terapia para superar o trauma. Alunos e professores da universidade também prestam solidariedade às alunas.
Os abusos, segundo Isadora, ocorriam no laboratório onde o professor coordenava um núcleo de estudos. As investidas teriam ocorrido durante orientações particulares em uma sala fechada. Os assédios teriam iniciado após seis meses de convivência com as alunas.
A advogada orienta os estudantes a registrarem denúncia na ouvidoria das universidades, uma vez que os centros acadêmicos estão cientes do compromisso de levar os casos adiante. Segundo Isadora, é comum esse tipo de situação envolvendo docentes ser abafado nas instituições, principalmente quando há apenas uma vítima disposta a denunciar.
Suspeita de estupro é investigada em Palhoça
Outro caso envolvendo o mesmo professor foi denunciado por uma aluna em fevereiro deste ano na Dpcami de Florianópolis. Como a agressão teria ocorrido em Palhoça, o caso foi encaminhado para a delegacia especializada do município vizinho. Nesse inquérito, cujo conteúdo está em sigilo para proteger a vítima, o docente é investigado pelo crime de estupro.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado Hédio Silva Júnior, responsável pela defesa do professor.