O Campus Florianópolis está finalizando a elaboração do projeto de uma Clínica-Escola, com um Centro de Parto Normal (CPN) e um centro de diagnóstico por imagens, para atendimento à comunidade externa, ampliação e aprimoramento dos espaços de ensino em saúde do câmpus. O CPN já conta com o aval da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, e a previsão é de que o centro de diagnóstico por imagens seja ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A ideia do Centro de Parto Normal nasceu com a experiência em enfermagem obstétrica das professoras Vanessa Jardim e Juliana Monguilhott, servidoras do Departamento Acadêmico de Saúde e Serviços (Dass), responsável pelo curso técnico em Enfermagem e pelo curso superior em Radiologia. Em 2011, o Ministério da Saúde criou a Rede Cegonha, uma rede de cuidados que assegura às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, parto, abortamento e puerpério; e às crianças o direito ao nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis.
O principal objetivo da rede é instituir um novo modelo de atenção ao parto, ao nascimento e à saúde das crianças, garantindo acesso, acolhimento e resolutividade e reduzindo a mortalidade materna e neonatal. Em 2015, uma portaria do Ministério da Saúde indicou que os municípios deveriam implantar CPN para atingir os objetivos da Rede Cegonha. “Por isso propusemos a parceria com a Secretaria Municipal de Florianópolis. Com o município nos apoiando, podemos conseguir verbas do ministério até mesmo para a construção do prédio que abrigará o centro”, explica a professora Vanessa.
“Com os centros de parto normal, pretendemos mudar o modelo obstétrico atual no Brasil: reduzir as cesarianas e intervenções desnecessárias. Temos uma equipe preparada e experiente em enfermagem obstétrica tanto para orientar alunos quanto para atender à população em geral”, afirma Juliana. “Já se sabe que há uma demanda da comunidade, vários grupos lutam por um CPN na cidade. E a Direção Geral tem desenvolvido uma filosofia de integração do ensino pesquisa e extensão, aliados a projetos de alto impacto social”.
Sendo o curso de Enfermagem parte do DASS, a ideia cresceu ao ser comentada com os colegas de trabalho. “Nós da área da saúde sabemos a dificuldade que é a saúde na rede pública, especialmente a demora na realização de exames. Já era uma ‘angústia’ nossa saber que tínhamos bons equipamentos e equipe, mas não ter como abrir para atendimento ao público porque, afinal, somos uma escola atende jovens a partir dos 14, 15 anos. Não podemos ter entrada liberada à comunidade externa desta forma”, relata Matheus Savi, coordenador do Curso Superior de Radiologia do Câmpus ao explicar de que forma um centro de diagnóstico por imagem se somou ao CPN no projeto.
“Hoje, a espera por uma mamografia, exame essencial para o diagnóstico inicial do câncer de mama, é de 54 dias em Florianópolis, pelo SUS. Esses quase 60 dias podem fazer a diferença entre a vida e a morte de algumas pacientes, influenciam totalmente o tratamento. Temos também o caso da densitometria óssea, cuja fila é de 64 dias, e o IFSC possui o único aparelho público da Grande Florianópolis, que é utilizado no Ensino e Pesquisa, mas não pode, hoje, atender à população – e teríamos condições para isso”, comenta Savi. O DASS possui também equipamentos para raios X odontológico, ultrassom, e tomografia, sendo a única instituição brasileira, entre particulares e pública, a contar com um conjunto de cinco monitores médicos de alta resolução.
“Esse projeto reúne tudo o que precisamos como instituição pública de ensino profissional e técnico: ensino, pesquisa e extensão. Ele vai ao encontro da missão maior do IFSC, que é formar profissionais capacitados e dar retorno à sociedade do investimento que é feito nos nossos estudantes” afirma a diretora-geral do Câmpus, Andréa Martins Andujar.
O que falta?
Segundo Juliana, o principal obstáculo no momento é a obtenção de um terreno para a construção do espaço. “Temos algumas opções em vista, mas agora dependemos muito da vontade política para essa doação ou cessão. Por isso, nosso intuito é começar uma campanha junto à comunidade, especialmente a do entorno do câmpus, para que nos ajudem a fazer pressão em órgãos públicos, vereadores e deputados, pois temos gente, temos de onde obter verbas via Ministério da Saúde, temos o apoio da prefeitura, mas estamos engessados na questão do terreno”.
A campanha de sensibilização deverá ser feita junto a órgãos públicos, ONGs e centros comunitários, por meio de audiências públicas, reuniões e vídeos.