Na manhã do dia 15/02, cerca de 15 indígenas da etnia Kaingang ocuparam uma área pertencente a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, no entroncamento da BR 285 com a ERS 324, município de Passo Fundo.
Após a ocupação, a Brigada Militar organizou mais de 100 homens fortemente armados para expulsar os indígenas Kaingang sem nenhum tipo de autorização judicial ou das entidades de apoio aos indígenas como a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Após uma conversa com o comandante do 3º RPMon, major Paulo César de Carvalho, os policiais partiram para cima dos indígenas com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e espancando quem estava na frente.
As informações dos indígenas são de um indígena baleado e outro que foi espancado até quase morrer pelos policiais, além de vários feridos pelo espancamento. Um dos indígenas foi espancado e preso, onde foi encaminhado para a delegacia e foi identificado, para posteriormente ser perseguido, e foi solto após depoimento.
O comandante do Batalhão, como procedimento normal da Brigada em todos os casos de violência da polícia, tratou de afirmar que os 15 indígenas partiram para cima dos 100 policias fortemente armados e foi por isso que a PM agiu dessa maneira. Argumento que não engana a população, mas tem grande serventia para a justiça absolver os policiais e instigar a classe média fascistoide contra os indígenas.
A demagogia para atacar os indígenas e justificar a ação absurda e violenta, quando o comandante afirmou que “conversei com o grupo e expliquei que essa área é preservada pela Brigada Militar, que existem nascentes de água responsável pelo abastecimento do Rio Passo Fundo, mas eles não entenderam e, ainda, foram hostis”. Essas afirmações só evidenciam o caráter fascista da ação da PM para acabar com os indígenas no Rio Grande do Sul.
É preciso denunciar essa ação fascista e ilegal da Brigada Militar contra os indígenas do Rio Grande do Sul. Os indígenas estão a própria sorte e sujeitos as ações de latifundiários e da direita golpista, morando nas beiras de estradas ou em reservas extremamente pequenas para sobreviver e manterem seus costumes.
A ousadia dos policiais militares foi tamanha, que realizaram a ação em plena luz do dia e sem nenhuma autorização, fato que é viável nas condições políticas dadas após o golpe de estado, em que os golpistas, a imprensa burguesa e as arbitrariedades do judiciário dão cobertura para essas ações.