O asfalto riscado pela linha amarela indicava o caminho, avisava o quanto eu estava perto de casa. A madrugada avançava ao encontro do dia e o céu começava a ficar rosado. O sol em breve despontaria no horizonte e eu seguia envolta em tantas palavras.
Então, escrevo, ou melhor, re-escrevo. Retorno ao Desacato, volto a encontrar as palavras na tentativa de dizer, de contar histórias (minhas e nossas). Não saberia dizer o quanto estive longe da escrita por fruição, e nem tampouco saberia precisar o quanto me fez falta. Re-inauguro esse lugar que tanto acolheu meus insanos escritos.
Penso nas palavras que gostaria de registrar, não para despedida do ano de 2011, mas partilhar as linhas do vivido. Ano intenso, pleno de muitas histórias, ciclos, (des) encontros, saudades, certezas e incertezas. Infinitas horas sem dormir, trabalho acumulado e tempo escasso. Amigos de longe e de perto vivendo as mesmas loucuras, o mesmo ritmo alucinado.
E ainda assim, (re) encontrei pessoas com coragem de continuar, de sorrir, de abraçar e simplesmente partilhar (seja um pão ou um sorriso, uma lágrima ou um sonho). Tenho nas mãos as linhas desses momentos de intensidade. Traço contínuo, visível e inimaginável da emoção.
A estrada continua riscada de amarelo e seguimos. Alguns partiram para outras dimensões deixando um vazio imenso, outros seguiram por caminhos diferentes, e há, ainda, os que conseguiram o re-encontro.
O sol surge intenso no horizonte e os pássaros cortejam o dia. A cidade aos poucos acorda e eu enfim cheguei em casa, no Desacato. Obrigada, sempre.