Na entrevista enaltecendo a sentença de Moro condenando Lula, o presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, menciona seu avô. Segundo o repórter Luiz Maklouf Carvalho, “o desembargador carrega, feliz, o peso da história familiar”.
Carlos Thompson Flores (1911-2001) foi “indicado [ao STF] pelo general-presidente Costa e Silva nos idos pesados de 1968”, conta Maklouf.
Ele tem “a presença garantida quando se conversa com o neto (que também almeja o Supremo, por que não?) – seja em citações frequentes, seja nas pinturas que adornam as paredes, três dezenas delas, do avô e de muitos outros personagens históricos”.
Thompson Flores, o falecido, foi quem primeiro se manifestou sobre um golpe que garantiu alguns anos a mais para a ditadura militar, em 1977.
Ele aparece num trecho do livro “Ditadura à Brasileira – 1964-1985. Democracia golpeada à Esquerda e à Direita”, do historiador tucano Marco Antônio Villa:
Enquanto Paulo Brossard protestava, assim como todo o PMDB, contra o Pacote de Abril (“o presidente suspende o Legislativo para reformar o Judiciário, convertendo em lei o projeto rejeitado pelo Congresso. Três são os poderes, mas um só decide, manda e obriga”), o presidente do STF, ministro Thompson Flores, era o autor do primeiro telegrama de congratulações recebido por Geisel depois da assinatura do fatídico pacote.
A 14 de abril, era reaberto o Congresso. Graças ao pacote, Geisel tinha conseguido obter o controle de sua sucessão no Colégio Eleitoral, com o senadores biônicos, a ampliação de deputados dos estados controlados pela Arena e a permanência da Lei Falcão, que impedia, na prática, o repetição do uso feito pelo PMDB do rádio e da televisão na campanha de 1974.
O site do STF tem um verbete dedicado a Carlos I:
Nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal, por decreto de 16 de fevereiro de 1968, do Presidente Costa e Silva, para a vaga deixada pelo Ministro Prado Kelly, tomou posse em 14 do mês subseqüente.
Tomou posse no cargo de Ministro Substituto no Tribunal Superior Eleitoral: 1º biênio – a partir de 6 de novembro de 1969; 2º biênio – a partir de 29 de março de 1972.
Como Ministro efetivo no Tribunal Superior Eleitoral: 1º biênio – a partir de 17 de agosto de 1972; 2º biênio – a partir de 17 de agosto de 1974.
Eleito Vice-Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, para o período de 12 de fevereiro de 1973 a 11 de novembro de 1973.
Assumiu a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral, em 12 de novembro de 1973, exercendo essa função até 11 de novembro de 1975.
Eleito Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal, para o período de 1975-1976.
Tomou posse na Presidência do Supremo Tribunal Federal, em 14 de fevereiro de 1977, cargo que exerceu até 14 de fevereiro de 1979.
Durante sua gestão, foi comemorado o sesquicentenário de criação do Supremo Tribunal de Justiça, antecessor do Supremo Tribunal Federal, em sessão solene realizada em 18 de setembro de 1978, com a presença do Presidente da República, Ernesto Geisel, e as mais altas autoridades da República. Também foi providenciada a remoção para Brasília e a restauração dos móveis que guarneciam o antigo Plenário da Corte, no Rio de Janeiro, e instalado o Museu do STF.
As fotos dessa visita de Geisel ao Supremo, guiada por Carlos Thompson Flores (vestindo a capa preta), estão disponíveis no Centro de Pesquisa da FGV:
Fonte: DCM.