Reportagem de Fabio Murakawa do jornal Valor Econômico em Brasília.
Líderes de igrejas evangélicas e partidos ligados a elas estão traçando uma estratégia para ampliarem suas bancadas na Câmara e no Senado a partir de 2019. O objetivo é aumentar de 93 para cerca de 150 o número de deputados federais e quintuplicar, de três para 15, o total de senadores.
A estratégia, no caso do Senado, é lançar apenas um candidato por Estado, evitando que dois candidatos evangélicos concorram entre si. Neste ano, 54 cadeiras estarão em jogo no Senado, duas por Estado. No caso da Câmara, também há a ideia de fazer uma espécie de “distritão evangélico”, com um ou poucos candidatos ligados às igrejas disputando votos em cada região – algo ainda visto como mais difícil de realizar do que na eleição ao Senado.
Uma vez fortalecidos, os evangélicos pretendem puxar ainda mais uma agenda conservadora: antiaborto, contra liberação das drogas e do jogo, e em prol do que chamam de “família natural” (homem e mulher). Dessa coordenação, também pode surgir apoio a um candidato a presidente- algo mais provável em um eventual segundo turno. Na economia, a preferência dos líderes é pelo modelo que definem como liberal adotado no governo Michel Temer. Um desafio é conquistar o eleitor evangélico das regiões Norte e Nordeste, ainda muito fiel ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conversas nesse sentido começaram a se intensificar desde outubro. Participam representantes das igrejas batistas, além da Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular, Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça de Deus, Mundial do Poder de Deus, Terra Nova, Fonte da Vida e Sara Nossa Terra, entre outras.
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Apesar da força que ganharam na pauta do Congresso nos últimos anos, líderes religiosos e políticos da Frente Parlamentar Evangélica se acham sub-representados. Citam pesquisa Datafolha, que em dezembro de 2016 estimou em 29% o total de evangélicos no país. “Temos de 28% a 33% de representatividade na população, mas somos apenas 15% do Congresso”, diz Rodovalho.
O problema da baixa representatividade é mais agudo no Senado, onde o grupo ocupa apenas 3 das 81 cadeiras da Casa – além de Magno Malta, são evangélicos atuantes apenas Eduardo Amorim (PSDB-SE) e Eduardo Lopes (PRB-RJ), suplente do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), e, como ele, bispo licenciado da Universal. “Estamos muito descobertos no Senado, com apenas três senadores”, afirma Sóstenes Cavalcante.
Segundo o deputado, os evangélicos carecem de um político com perfil articulador no Senado. Do grau de sucesso da articulação entre as diferentes igrejas depende o futuro de lideranças importantes, como o deputado Marco Feliciano (PSC-SP).
“Meu sonho é o Senado. Mas, se não houver uma boa articulação [entre as igrejas], não vou trocar o certo pelo duvidoso”, diz Feliciano, que foi eleito para a Câmara em 2014 com 398.087 votos, o terceiro mais votado em São Paulo.
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Fonte: DCM.