Seis brasileiros detêm a riqueza de quase metade da população

As seis pessoas mais ricas do Brasil concentram o equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres. São elas Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim). O dado alarmante é do relatório “A distância que nos une”, da Oxfam Brasil, divulgado nesta segunda-feira (25).

O estudo mostra também que os 5% mais ricos detêm a mesma renda que os outros 95%. No Brasil, uma trabalhadora que ganha um salário mínimo por mês levará 19 anos para receber o equivalente aos rendimentos de um super-rico em um único mês.

A situação de extrema desigualdade se repete em escala global. No mundo, oito pessoas detêm o mesmo patrimônio que a metade mais pobre da população. Enquanto isso, mais de 700 milhões de pessoas vivem com menos de U$ 1,90 por dia.

Segundo texto de apresentação do relatório, o estudo se faz ainda mais urgente em meio a “recentes e preocupantes retrocessos em direitos, nunca vistos desde a reabertura democrática no Brasil”.

Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras.

A publicação analisa as últimas duas décadas e aponta os fatores que pioraram ou melhoraram as desigualdades no País. O sistema tributário regressivo é criticado por onerar demasiadamente os mais pobres e a classe média por meio de uma alta carga de impostos indiretos e pela perda de progressividade no imposto sobre a renda dos mais ricos.

O estudo mostra que a população 10% mais rica do Brasil paga uma parcela menor de sua renda com tributos do que os 10% mais pobres. A primeira paga 21% da renda, enquanto a segunda gasta 32%.

A renda mais baixa também é a que paga mais impostos indiretos (cobrados sobre produtos e serviços): 28% de tudo o que ganham os mais pobres é consumida para este fim, enquanto que os mais ricos pagam somente 10% do rendimento neste tipo de imposto.

Mulheres e negros são especialmente prejudicados neste cenário, já que eles somam três de cada quatro brasileiros na faixa menos favorecida.

Quem ganha 320 salários mínimos por mês paga a mesma alíquota efetiva de Imposto de Renda (após descontos, deduções e isenções) de quem recebe cinco salários mínimos, já que a alíquota do IR para de crescer para quem ganha acima de 40 salários mínimos. Os mais ricos são também os mais beneficiados com as isenções sobre lucros de empresas e dividendos de ações. Na prática, apesar de ser uma renda, eles não precisam pagar imposto sobre estes ganhos, destaca o estudo.

Quem tem renda acima de 80 salários mínimos mensais (R$ 63.040) é beneficiado com isenção média de 66%. Para os que ganham 320 salários (R$ 252.160), o benefício vai a 70%.

Já a isenção para a classe média (R$ 2.364 a R$ 15.760), é de 17%, e cai para 9% para quem ganha entre 1 e 3 salários mínimos mensais (R$ 788,00 a R$ 2.364,00), segundo o estudo.

Soma-se a isso o sistema político, “carente de espírito democrático, concentrados de poder e altamente propenso à corrupção”.

Para reverter o quadro de desigualdade, o estudo defende a expansão do alcance de políticas públicas, em especial de políticas sociais, para reduzir pobreza e aumentar o orçamento familiar.

O relatório também diz que ganhos educacionais tiveram um impacto importante na redução das diferenças salariais. A ampliação da cobertura de serviços essenciais para os mais pobres elevou o nível de vida das pessoas, ainda que grande parcela da população ainda não tenha acesso a água e saneamento básico.

Além disso, o estudo defende que a política de valorização real do salário mínimo, junto com a formalização crescente do mercado de trabalho e a queda do desemprego foram fundamentais para a queda recente de desigualdade.

Foto: Divulgação.

Fonte: Nocaute.

 

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