Por Rodrigo Gagliano.
Você já olhou o mundo humano, o nosso mundo, com total honestidade? Com crueza, sem fugas calmantes, contudo, sem pessimismo? Ao olharmos assim vemos um mundo em guerra e a mesma guerra em nós. Somos todxs, ainda que em desiguais proporções, parte da constituição de uma cultura de morte, que não começou a existir agora, ela já é velhinha, uns dizem que tem pelo menos um 5 séculos, com o nascimento do modo de operação capitalista e o colonialismo, outros, dizem que ela está na raiz da própria civilização… Essa cultura de morte renasce em nós e é alimentada por nós, todos os dias.
Somos corpo, um algo aprisionado numa rede complexa de relações, talvez, a maioria delas não muito ou nada conscientes para cada um de nós. Ao nascermos somos lançadxs, desprotegidxs e vulneráveis, nesse turbilhão. E passamos a vida, se somos curiosxs e inquietxs, tentando tornar conscientes essas relações e construindo barreiras para aquelas que nos oprimem: resistência.
Infelizmente, a maioria de nós, parece dormir um sono profundo, caminhando pelo mundo como zumbis. E outrxs, uma pequena minoria, tentando acordar…
Como corpo, a cultura de morte nos traz doenças, uma após outra, e, ao fim, obviamente, uma morte dolorosa. Nesse trajeto tortuoso, infelicidade. Nós estamos doentes, física e mentalmente, se essa divisão cabe. Resistir à doença, promovendo em nós uma saúde sólida, é começar por alterar o mundo ao nosso redor, a partir do corpo, ou seja, de nós, melhorar o mundo, dar passos em direção a outra cultura que não a de morte. Saúde significa a quebra de uma série de relações com esse mundo em guerra.
Você já observou os animais selvagens em seus ambientes naturais? – aqueles que ainda não foram muito destruídos por nós humanos. Já percebeu que, com exceção de acidentes e da atuação de predadores, esses animais nunca – eu disse “nunca” – ficam doentes? Mais: que parecem muito integrados em si mesmos, no que são, e, arriscando um passo além, felizes? Somos animais também, não somos? Já se perguntou o motivo pelo qual não somos essa saúde inabalável? Não somos integrados nem felizes?
Xs naturalistas chegaram a uma noção interessante, para elxs, os mamíferos superiores têm uma expectativa de vida que é a multiplicação por 5 do número de anos que leva para a maturação de seus ossos. Um exemplo: um elefante leva 30 anos para ter seus ossos completamente amadurecidos, portanto, sua expectativa de vida é de 150 anos. Em ambiente natural pouco ou nada alterado, muitos dos elefantes chegam a essa idade. Você sabe quantos anos levamos para que nossos ossos amadureçam? 25 anos!!! Ou seja, nossa expectativa de vida seria de 125 anos!!! Em média, hoje, qual é nossa expectativa de vida? 75 anos? E em que condições? A maioria chega aos 50 anos, se muito, acabada, tendo de tomar as drogas questionáveis do complexo medicina-indústria farmacêutica. Envelhecemos aceleradamente, precocemente…
No conjunto de textos que inauguro com esse, trago, aqui, um conceito de saúde radical, que procura não deixar brechas nem para uma gripezinha por ano, por exemplo. Ter “inofensivas” gripes sazonais não é ser saudável… Pensaremos juntos, ao longo dos outros textos, vários meios de autogestionar nossa saúde, escapando o quanto possível das mãos dos especialistas (médicos, farmacêuticos, etc.), e resistir às instituições que querem se empoderar sobre nós, corpos – Estado, indústria médica, indústria farmacológica, indústria de alimentos, agronegócios, meios midiáticos massivos, escola, família, trabalho, etc.
Ter uma saúde inabalável é parte da construção, não é tudo, de um outro mundo, é uma ferramenta importante. Além disso, para qualquer conceito de felicidade que se tenha, ter saúde é imprescindível.
Até a próximo texto.