Professores avaliam o cenário do golpe

A diretoria do Sinpro-Minas se reuniu no dia 20 de maio, em Belo Horizonte, para fazer uma avaliação sobre a crise política no Brasil e tomar decisões para que a classe trabalhadora tenha garantidos os seus direitos conquistados com muita luta. O jornalista Altamiro Borges e a advogada trabalhista Ellen Hazan foram os convidados do debate de abertura da reunião, que discutiu também as campanhas reivindicatórias da categoria e a pesquisa sobre o perfil dos professores encomendada pelo Sinpro-Minas.

“Avaliamos que só um governo eleito pelo voto direto tem legitimidade. Tomamos a decisão de estar nas ruas para lutar contra as reformas trabalhista e previdenciária, pela saída do Temer e por eleições diretas, para enterramos de vez essas reformas, que representam o desmonte do Estado brasileiro”, avalia a presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato. “O Sinpro está à frente das lutas gerais porque elas atingem diretamente os professores e toda a classe trabalhadora. O Sindicato estará nas ruas, principalmente no dia 24/5, na grande manifestação em Brasília, na certeza de que só a unidade da classe trabalhadora fará com que haja retrocessos nas votações dessas reformas”, reforça.

Para o jornalista e blogueiro Altamiro Borges, estamos vivendo um período de grande imprevisibilidade, problema que atinge toda a América Latina, onde a marca de incertezas são as mudanças no mundo do trabalho, que passa por grandes transformações. “As forças contra- hegemônicas não conseguem se consolidar como alternativa. Nesse cenário, cresce a crise de representação no Brasil e no mundo”, avalia.

Segundo ele, temas como corrupção aparecem no centro dos debates para escamotear os verdadeiros motivos do golpe ocorrido no Brasil em 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “A corrupção não foi inventada pelo PT, nem é um fenômeno de hoje, muitos menos que atinge só o setor público. As pessoas não discutem a causa da corrupção. É um carimbo que se coloca no inimigo. Mas, o que estamos vendo é que a verdadeira organização criminosa estava fora do poder e assaltou o Estado. Como não dava para ganhar a eleição prometendo tirar direitos com a reforma trabalhista, com o congelamento de recursos da saúde e da educação por 20 anos ou propor que as pessoas só se aposentem na cova, eles deram um ‘tapetão’”, afirma.

Mídia: o partido do golpe

Nesse cenário de golpe, ele destaca o papel dos EUA, que não aprovam a integração latino-americana, assim como as forças da burguesia, que se une ao capital especulativo, e por fim, a atuação da mídia, que age como um partido político. “A mídia foi o grande partido do golpe”, sentencia. “Nessa imprevisibilidade, um fator em que a gente pode atuar é a pressão nas ruas”, recomenda o jornalista.

A advogada trabalhista Ellen Hazan também acredita que a força do povo nas ruas é a melhor saída nesse momento. “O Temer já está morto, só falta renunciar ou ser retirado da presidência. Mas há aqueles que querem que ele renuncie para prosseguir com as reformas que beneficiam o capital. O que a gente precisa ter em mente é que somente tirando o Temer não vai adiantar. Precisamos retirar esse desmonte da pauta do Congresso, fazendo uma discussão de reformas de fato e não de contrarreformas como está colocado agora”, avalia.

Luta de classes

Segundo Ellen, não existe uma proposta de reforma trabalhista e sim de um desmonte de toda a legislação trabalhista. “Os professores, por exemplo não terão mais 13º, férias integrais, porque a lei prevê trabalho a tempo parcial, remoto ou intermitente. Tudo isso, mostra que não só os professores, mas toda a classe trabalhadora deixa de ter direitos, para que a classe empresarial tenha benefícios. Existe uma guerra entre o sistema capitalista e a classe trabalhadora. Nós estamos perdendo essa guerra porque não estamos unidos, dividimos em categorias. Temos que retomar o sentimento de solidariedade de classe”, destaca.

Ela também faz críticas ao judiciário. “A classe trabalhadora não tem ao seu lado nem o legislativo, nem o executivo e muito menos o judiciário. Não esperemos nada do judiciário, que está a serviço do poder econômico.Você viu o Supremo ouvindo o povo nas ruas no dia greve geral em 28/04?”, questiona.

Fonte: Altamiro Borges. 

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