Por Paulo Guilherme Horn.
As fotos de recortes dos jornais A Notícia e DC são das edições de fim de semana, segunda e terça. Sabem qual é o comum entre elas? Todas citam o primeiro de maio como dia do trabalho.
Então vamos falar de história.
O primeiro de maio é dia do TRABALHADOR. É uma data internacional que lembra o massacre de trabalhadores na greve geral de Chicago, em 1886, que lutava pela diminuição da jornada de trabalho, que à época era de 15 horas diárias.
Os grevistas foram massacrados pela polícia e por milícias, violência incentivada pelos jornais da época, como o Chicago Tribune, que em um editorial afirmava: “o chumbo é a melhor alimentação para os grevistas. A prisão e o trabalho forçado são a única solução possível para a questão social. É de se esperar que seu uso se estenda”.
Em 4 de maio uma bomba explodiu durante um protesto, matando um policial. Nunca foi esclarecida sua origem, mas como resposta o governo decretou estado de sítio, fechou sindicatos, prendeu mais de 300 sindicalistas, assassinou 38 operários e feriu mais 115.
8 líderes dos movimentos foram acusados de responsáveis pela bomba, detidos, julgados, condenados e morreram na prisão, enforcados ou em circunstâncias misteriosas.
A farsa do julgamento não foi aceita e ele foi reaberto, comprovando a inocência dos “oito mártires de Chicago”.
Quatro anos depois o próprio congresso americano regulamentou a jornada de oito horas diárias.
Em 1891, a segunda internacional dos trabalhadores, que reunia organizações operárias e socialistas do mundo todos decidiu que a cada 1 de maio haveria demonstrações públicas para que a luta dos trabalhadores não fosse esquecida.
Então tem alguns pontos importantes sobre a história é sobre o que vivemos hoje.
O 1 de maio é dia do trabalhador. Quando os jornais e os colunistas que nele escrevem chamam de dia do trabalho, é um desrespeito histórico com quem lutou por direitos até a morte.
Mas não é de graça que fazem isso. Chamar o dia do trabalhador de dia do trabalho é uma tática para, além de ocultar a importância histórica de sindicalistas e grevistas, trazer a narrativa para o lado dos patrões.
A lógica deles é clara: “se é dia do trabalhador, eu tenho que reconhecer que vocês são parte fundamental do processo. Mas se eu digo que é dia do trabalho, vocês é que tem que dar graças a Deus por que eu, benevolente patrão, lhe deixo ter um emprego”.
Não vamos cair nessa.
Outra coisa importante: as greves são fundamentais. As pessoas que hoje estão aí reclamando da greve geral do dia 28 são as mesmas que usufruem benefícios trabalhista lá – como a jornada diária de 8 horas – conquistados em mobilizações de trabalhadores.
Mobilizações essas que serão sempre questionadas e criticadas nos jornais. Por que jornalismo tem lado. E o lado dos grandes jornais não é o dos trabalhadores.
Então, apesar deste texto sair dias após o 1 de maio, lembrem-se: É DIA DO TRABALHADOR!