Greve geral: Trabalhadores param na luta por seus direitos

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Foto: Luca Gebara

Por Manoela de Borba, para Desacato.info.

Em um dia de paralisação histórica em todo o país, milhares de manifestantes ocuparam as principais ruas e avenidas em defesa de seus direitos e contra as reformas trabalhista e da previdência. Em Florianópolis, capital do Estado, a concentração dos grevistas teve início na noite de quinta-feira, 27, com a assembleia dos trabalhadores do transporte urbano. Com a paralisação do transporte público coletivo por 24 horas, a greve geral ganhou ainda mais força. Por volta das 5 horas, houve barricadas com fechamento de vias de acesso a Florianópolis e a outros pontos da cidade.  Aderiram ainda à greve geral as categorias dos bancários, eletricitários e comerciários, autarquias e escolas públicas e particulares.

Comércio fecha as portas

As lojas do Centro de Florianópolis permaneceram fechadas na manhã desta sexta-feira, 28. Nas principais ruas do comércio da Capital, as lojas que abriram e não aderiram à greve geral que ocorre em todo país, acabaram cedendo à pressão dos manifestantes que pediam seu fechamento e chamavam os comerciários à luta. Os manifestantes gritavam contra as reformas trabalhista e da previdência, em defesa dos direitos e contra o governo de Michel Temer e percorreram o calçadão da Felipe Schmidt (esquina democrática), a rua Conselheiro Mafra e também protestaram no entorno da Praça XV.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio de Santa Catarina (Fecesc), Francisco Alano, o fechamento do comércio em Florianópolis tem uma importância estratégica para a categoria e para a greve geral. “O comércio tem uma importância fundamental, porque é no comércio que a gente percebe o sinal do processo de recessão e é estratégico para que o trabalhador entenda que ele também é explorado. É uma das categorias mais exploradas pelo excesso de jornada, salário reduzido, com muita doença profissional. É uma categoria imensa, representativa, que precisa dar o troco nesses empresários. ”

O impacto da greve geral nas vendas do comércio foi medido em várias cidades brasileiras com levantamentos informais, feitos por entidades de classe que representam os empresários do setor. De um modo geral, segundo um apanhado dessas sondagens, o movimento com a greve caiu 80%. Em Florianópolis, na rua Conselheiro Mafra, ovendedor de uma rede varejista disse que as vendas não passaram de R$ 17 mil, um volume bem abaixo do esperado. “Seria melhor fechar a loja. Só o gasto em manter a loja aberta é maior que o número de vendas. Estamos de acordo com a greve e fechamos as portas em vários momentos”, disse.

Às 17 horas, cerca de 20 mil manifestantes ocupavam a avenida Beiramar, segundo levantamento das centrais sindicais. O dirigente Eduardo Back, secretário geral do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região (Sinergia), reforçou a importância do ato e disse que os eletricitários não vão aceitar a privatização e a entrega do patrimônio público ao capital estrangeiro. “O governo golpista de Temer quer acabar com os nossos direitos, quer privatizar os nossos serviços, e não vamos aceitar calados”.

Também no ato que fechou as duas pistas da avenida Beiramar, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem), Alex Santos, reforçou que “a união da classe trabalhadora e da juventude nas cidades e nos campos, a luta contra a retirada dos nossos direitos é uma resposta clara às ofensivas da burguesia dessa cidade e desse país”.

Cobertura da chamada “grande mídia”

Segundo a cobertura dos jornalões da chamada ‘grande mídia’, os protestos não passaram de baderna e de atos de vandalismo.Logo pela manhã de sexta, no protesto que percorria a rua Conselheiro Mafra, a professora Elenira Vilela (foto), diretora do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação (Sinasefe), denunciou a mentira da mídia tradicional ao dizer que a cidade está funcionando.  “Estamos na luta contra uma reforma trabalhista que muda 200 dispositivos da CLT e nenhum é a favor do trabalhador. Estamos contra uma reforma da previdência que vai significar a gente pagar a previdência a vida toda e nunca conseguir se aposentar. Todas as lojas estão fechadas, o comércio está fechado, porque o Brasil diz não à reforma da previdência, diz não à reforma trabalhista. Vamos retomar a democracia no Brasil na luta”.

 

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