No dia em que os líderes da UE, já sem a Grã-Bretanha, comemoravam o 60.º aniversário dos tratados fundadores da comunidade europeia, várias manifestações cruzaram as ruas de Roma, apesar das apertadas medidas de segurança.
Um dos maiores desfiles, organizado pelas principais centrais sindicais italianas, juntou cerca de dez mil pessoas que marcharam em direção ao Coliseu romano, cantando o hino antifascista “Bella Ciao” e empunhando bandeiras vermelhas e verdes.
Nele participaram conhecidas figuras, como o ex-ministro das Finanças da Grécia, Iánis Varufakis, ou o cineasta Ken Loach, em defesa de uma Europa livre de muros, do racismo e da austeridade.
Não muito longe dali decorreu a manifestação da plataforma social “Euro-stop”, integrada no essencial por centrais sindicais minoritárias como a União Sindical de Base (USB), que exigem a saída do euro e da União Europeia e a construção de uma “Europa solidária que esteja ao lado dos oprimidos”.
Promovidos por grupos e organizações com diferentes visões sobre a integração europeia, desde partidários de uma UE federal, à imagem dos Estados Unidos da América, até aos que defendem abertamente a ruptura com o euro e a Europa do capital, os desfiles refletiram fundamentalmente a profunda crise que atravessa a União Europeia e o descontentamento de amplas camadas da população com as políticas de austeridade, de empobrecimento e aumento da exploração.
Na véspera, o próprio papa Francisco discorreu sobre as razões da crise da União Europeia, alertando que, por este caminho, a UE corre risco de morte. “Quando um corpo perde o sentido de direção e não é mais capaz de olhar em frente, sofre um retrocesso e, a longo prazo, arrisca-se a morrer”, declarou.
Falando perante 27 dirigentes da UE, reunidos na Capela Sistina, no Vaticano, o pontífice evocou os valores da solidariedade como “o mais eficaz antídoto contra os populismos”, e abordou a crise econômica e migratória.
A crise migratória não pode ser tratada “como se fosse uma questão numérica, econômica ou de segurança”. Ao mesmo tempo referiu a necessidade de garantir emprego aos jovens e o seu direito de constituírem família sem “medo de não poderem sustentá-la”.
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Fonte: Jornal Avante! e Blog de Renato Rabelo.