Os ativistas procuram recriar a campanha do movimento pelos direitos civis nos EUA para ressaltar a política de segregação na Cisjordânia.
Por Noam Sheizaf.
Os ativistas palestinos estão aumentando seus esforços para expor a política de segregação de Israel na Cisjordânia, assim como suas violações aos direitos humanos e civis. Em uma mensagem à imprensa, o Comitê de Luta Popular anunciou que em 15 de novembro os ativistas palestinos “recriarão a campanha Viagens pela Liberdade ao sul estadunidense do movimento pelos direitos civis nos EUA subindo nos ônibus públicos segregados na Cisjordânia para viajar à Jerusalém Leste ocupada.”
Os palestinos na Cisjordânia vivem sob controle militar de Israel desde 1967. Entre outras restrições, eles só podem votar em eleições para a Autoridade Palestina, que na realidade tem um poder muito limitado. Eles não podem viajar fora da Cisjordânia ou receber visitantes sem autorização de Israel, são julgados em tribunais militares, o que restringe os direitos dos defendidos. Os judeus que moram na Cisjordânia sim possuem direitos civis.
Com frequência, a ocupação é retratada como um problema diplomático de guerra e paz entre duas partes iguais: Palestina e Israel. A campanha “Viagem pela Liberdade” faz parte de um esforço para enfatizar a natureza do problema palestino como uma questão de direitos humanos.
A mensagem do Comitê pela Luta Popular expressa que:
Várias empresas israelenses, entre elas Eged e Veolia, operam diversas linhas que passam por Jerusalém Leste e a Cisjordânia ocupados, algumas recebem subsídio do Estado. Percorrem os assentamentos israelense que assim se interconectam com cidades dentro de Israel. Algumas linhas que unem Jerusalém com outras cidades dentro de Israel, como Eilat e Beit Shean, também tem seu itinerário que passa pela Cisjordânia.
Os israelenses quase não sofrem limitações na sua liberdade de movimento no território da Palestina ocupada e , inclusive, tem autorização para se estabelecerem nele, o que contraria a lei internacional. Como contraste, os palestinos, não podem entrar a Israel sem uma autorização especial das autoridades israelenses. O movimento dos palestinos nos Territórios Ocupados também é muito restrito, ainda é proibido entrar a Jerusalém Leste e a um 8% da Cisjordânia na área da fronteira sem uma autorização similar.
Embora não seja oficialmente proibido que os palestinos usem transporte público israelense na Cisjordânia, estas linhas estão segregadas na prática, porque muitas delas passam por assentamentos para judeus, aos que os palestinos têm a sua entrada proibida por um decreto militar.
Na semana passada também se informou que os ativistas internacionais pretendem desafiar o bloqueio de Israel à Cisjordânia com uma nova campanha “Bem-vindos à Palestina”, planejada para abril do próximo ano. Mais de uma centena de ativistas foram deportados na primavera boreal passada depois de viajarem de avião a Israel e declarar sua intenção de visitar a Cisjordânia.
Versão em português: Tali Feld Gleiser.