Rafael Ranciaro, dono do ‘Blend Burguer Bar’ em São Paulo, usou as redes sociais para atacar um casal gay que, também na internet, havia feito críticas à comida do estabelecimento e ao atendimento.
“É um desabafo por acordar e ver um bando de viado p… no c…, metido a ‘Master Chef’, que quer aparecer (quem for viado ou defensor dessa raça pode me excluir, por favor). O problema não é ser viado. É ser afetado. Bicha afetada é osso. Será que Santos não consegue melhorar seu nível?”
A postagem homofóbica de Ranciaro foi compartilhada milhares de vezes e o empresário foi duramente criticado.
Grupos LGBTT marcaram um ‘beijaço’ para o próximo sábado (11) na porta da hamburgueria (link para o evento aqui).
Após centenas de ataques, os outros sócios do estabelecimento resolveram se posicionar. Por meio de uma nota oficial, a equipe assumiu que a postagem realmente foi feita por Ranciaro, que ficou indignado com as várias críticas recebidas pelos clientes.
“É importante ressaltar que não é e nunca foi a filosofia da casa, que recebe e atende os mais variados clientes, sempre nos preocupando apenas em tratá-los com qualidade e eficiência, sem distinção. Contamos muito com a sensibilidade de todos. Aos que foram impactados, gostaríamos de compartilhar desculpas, apesar de isso não justificar os fatos”, diz a nota.
Justiça
Kadu e Christiann se casaram recentemente. Foram eles as vítimas de homofobia. Ambos se dizem revoltados com a agressão sofrida por Ranciaro e afirmam que vão acionar a Justiça.
Kadu Rodrigues, de 28 anos, explica que tudo ocorreu cerca de três semanas antes do casamento dele com o bancário Christiann Augusto Fonseca, de 22. O casal escolheu a hamburgueria para reunir os padrinhos da cerimônia.
“Nós entramos numa boa, mas assim que chegamos, logo pedimos para mudar de mesa, porque estava muito quente, e não tinha ventilador, nada. Não deram atenção. Também trouxeram pedidos errados, tinha uma madrinha que era vegetariana, pediu um hambúrguer vegetariano, e veio bacon no lanche. Na hora de ir embora, veio a comanda errada, com valores errados, mas tudo que nós questionávamos não davam a mínima atenção. A exceção foi uma garçonete, que nos atendeu bem”, lembra.
Depois que o grupo foi embora, o casal usou a página do estabelecimento no Facebook, que tem um espaço para avaliação, para expor o que achou do atendimento.
“Pontuamos o que achamos que estava errado e elogiamos a garçonete. Eles responderam e nós até falamos que, se tudo fosse corrigido, voltaríamos. Por nós, estava resolvida a história. Só que, no dia seguinte, recebemos uma mensagem de uma pessoa desconhecida falando da resposta no dono, que ela achava que era para ela, mas que depois descobriu que era para a gente. Até então, não tínhamos lido a postagem”, relata Kadu.
“A gente pediu para o nosso advogado tomar as providências e ele já está cuidando disso, dando entrada no processo. Foi bem constrangedor e tomou uma proporção enorme. Até durante o nosso casamento, várias pessoas vieram falar sobre isso, e não era o momento. Foi bem complicado. Se isso acontecesse há alguns anos, provavelmente nós seríamos os errados. Só que hoje, o que nós vemos é que não há mais espaço para pessoas como ele, que tem esse tipo de preconceito, homofobia. Ele é dono de um estabelecimento, recebe todo tipo de pessoa, deveria se preocupar em melhorar o atendimento, não em ofender os clientes. Foi triste, totalmente revoltante”, conclui o empresário.
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Com informações de G1.
Fonte: Pragmatismo Político.