Drag Queens são impedidas de entrar em shopping por estar com “maquiagem forte”

15
Grupo de nove drag queens são impedidas de entrar em shopping por estarem com “maquiagem forte” (Foto: Reprodução)

No domingo (30), por volta das 15 horas, um grupo de nove drag queens foram impedidas de entrar no Shopping Center Penha, o motivo: estavam com “maquiagem forte”. O grupo fazia um curso de maquiagem e Drag Queen, em um teatro próximo do shopping, na Zona Leste de São Paulo, quando fizeram um pausa para o almoço, onde voltariam depois ao curso.

De acordo com o professor Paulo Sérgio Lima Viana, ao serem questionados sobre o motivo do impedimento, os seguranças afirmaram que era lei do estabelecimento. “Como pode impedir a entrada de pessoas maquiadas? Quantas mulheres ai estão maquiadas?”, questionou.

“Ele (o segurança) foi super rude. Nós não estávamos fazendo baderna, nem nada do tipo. Ele pegou o braço de um de nossos amigos. Foi muito constrangedor”, disse Nathan Vieira, 19 anos, aluno do curso.

O segurança chamou um superior que insistiu em impedir a entrada do grupo. No calor da discussão, o chefe da equipe de segurança apresentou como solução separar o grupo: as drags menos maquiadas entrariam e as mais maquiadas continuariam barradas.

“O chefe dos seguranças buscava meios e leis que não existem sobre a caracterização que todas estavam usando. Eu estava com a maquiagem mais clássica, básica. E ele chegou a dizer que eu poderia entrar porque eu era a menos estranha”, contou o aluno Tullio Domingues, 25 anos.

O gerente apresentou uma lei estadual que determina a proibição de pessoas utilizando capacete ou qualquer tipo de cobertura que oculte a face. “Indicamos mulheres que estavam maquiadas e de “vestimenta inapropriada”, segundo a visão deles. E elas mesmo diziam que se nós podemos entrar, por que eles não?”. Os dois ficaram sem saber o que responder”, recordou Nathan.

O grupo acionou a Polícia Militar, que ao chegar no local “informaram” que a situação não se tratava de homofobia. “Chegando, os policiais declararam imparcialidade, mas já começaram a abordagem dizendo ‘Nem tudo é homofobia! Às vezes o preconceito parte de nós mesmos’. E continuaram alegando que o estabelecimento não agiu por preconceito, mas sim por processos internos, coisa que nem eles, nem o segurança ou o gerente souberam citar. Um dos policiais ainda nos aconselhou a não denunciar em uma delegacia de casos LGBTs, porque isso seria preconceito da nossa parte, como se fosse uma espécie de privilégio”, contam.

Por meio da assessoria de imprensa a Polícia Militar informou que está analisando o fato. O caso foi registrado como desinteligência. Os integrantes do grupo foram liberados para entrar, e manifestaram sua indignação pelas redes sociais, e dizem que pretendem fazer um boletim de ocorrência.

Veja o vídeo do momento em que o grupo foi impedido de entrar no shopping:

Nota do Shopping Center Penha:

“Em relação ao ocorrido na tarde do domingo, 29/01, o Shopping Penha informa que:
Desde o início de sua operação, posiciona-se como um empreendimento voltado à comunidade, sem qualquer tipo de discriminação (por orientação sexual, social, racial, religiosa, política), e que está de portas abertas para receber seus visitantes.
O Shopping Penha lamenta e reforça que o ocorrido foi um fato isolado e não condiz com a política do empreendimento. A equipe de segurança já foi fortemente reorientada a fim de que atitudes como essa não ocorram novamente.
A Administração”.

Muitas pessoas estão utilizando a página oficial do Shopping Center Penha, no Facebook para demonstrar indignação com esse ato de discriminação e homofobia.

Fonte: Nós 2.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.