Marcando 28 meses depois de uma das maiores violações dos Direitos Humanos da América Latina, ainda pouco se sabe o que ocorreu naquela fatídica noite. Alunos das Escolas Normales de Ayotzinapa, um colégio rural dedicado a filhos de pobres ou camponeses do Estado de Guerrero, no sudoeste do país, viajavam para Iguala, a cerca de duas horas a Norte da cidade. Lá eles iam negociar transporte para que outros estudantes viajarem até a capital e poderem participar em uma marcha em homenagem às vítimas de um massacre histórico, ocorrido em 1968 quando forças federais fuzilaram centenas de estudantes. A ironia do destino os tornaria vítimas de outra chacina. Sem aviso, a Polícia do Estado abriu fogo a um dos ônibus, matando 6 pessoas e ferindo 40. Outros 43 foram detidos pela Polícia, mas desapareceram imediatamente depois.
No mesmo ano, as autoridades mexicanas deram a “verdade histórica” do crime: a Polícia teria entregado os estudantes a um cartel de drogas local, Guerreros Unidos, que incinerou os corpos num lixão nas redondezas. Mais de 130 pessoas foram presas, incluindo o prefeito de Iguala, assim como oficiais da Polícia e traficantes. Porém, uma equipe internacional de especialistas expôs a “mentira histórica”: as provas da versão oficial foram conseguidas a partir de tortura, não havendo evidências forenses que colaboram com a conclusão das investigações mexicanas.
O relatório acabou mostrando que o desejo do Governo Mexicano era encerrar o clamor social diante dos crimes, e não descobrir e punir os verdadeiros culpados. O episódio chamou atenção de todo o mundo para os atentados aos direitos humanos no México, assim como a perseguição de comunidades rurais e indígenas, junto com a corrupção de suas próprias instituições. Já quase na metade do terceiro ano de investigações, vemos um país que se recusa a responder os pais que não se cansam de questionar.
Fonte: Jornalistas Livres.