O que é a Parceria Transpacífico e qual o peso da saída dos EUA

Por José Roberto Castro.

Em seu primeiro dia de trabalho no Salão Oval da Casa Branca, o presidente americano Donald Trump assinou na segunda-feira (23) um decreto que determina a saída dos Estados Unidos do TPP (Parceria Transpacífico, na sigla em inglês). O acordo, assinado em 2015 por 12 países de três continentes, era considerado o mais importante tratado comercial do mundo nas últimas décadas.

O TPP foi a principal ação da gestão de Barack Obama e era peça fundamental na estratégia de sua gestão para o comércio exterior. Durante a campanha presidencial, Donald Trump fez dos ataques ao TPP uma de suas bandeiras na economia. Ao assinar o decreto cercado por jornalistas na Casa Branca, Trump disse que a medida era uma “grande coisa para os trabalhadores americanos”.

Seu discurso protecionista é baseado em um suposto enfraquecimento dos Estados Unidos desde que barreiras comerciais começaram a ser reduzidas mundo afora. Trump promete criar empregos nos EUA e critica empresas americanas com filiais em outros países.

Apesar de anunciado há tempos, o decreto de Trump gerou críticas, inclusive dentro de seu próprio partido. O senador republicano John Mc’Cain, candidato derrotado por Barack Obama em 2008, chamou o ato de Trump de “erro grave” e disse que o fim do tratado vai abrir espaço para o crescimento da influência da China na Ásia.

Trump só pode cancelar monocraticamente o acordo costurado pela administração anterior porque o TPP não chegou a ser votado e aprovado no Congresso americano. Lideranças de outros países do TPP disseram que pretendem continuar a implementação do acordo mesmo sem os EUA.

Maior acordo de Obama

O acordo foi assinado em 2015 por 12 países da América, Oceania e Ásia. No documento, os signatários se comprometiam a cumprir normas comuns que iam além de barreiras comerciais. O TPP previa a unificação de regras ambientais, trabalhistas, de propriedade intelectual e de transparência.

SIGNATÁRIOS DO TPP

Mapa mostra localização dos países membros do TPP

Quando foi assinado por Obama, o tratado representava aproximadamente 40% do Produto Interno Bruto do mundo. Juntas, as 12 nações têm 790 milhões de habitantes. Sem os Estados Unidos, o bloco perde seu membro de mais peso. O país representa cerca de 60% do PIB da parceria.

Ao costurar e assinar o acordo, o então presidente Barack Obama queria aumentar a influência dos EUA na Ásia e na Oceania. Paralelamente, o TPP ajudaria a impedir o avanço da influência da China sobre aliados americanos na região.

Sem o TPP, cresce a chance de a China, segunda maior economia do mundo, ampliar sua influência na Ásia. Os chineses já têm conversas com 15 países da região para a criação do RCEP (Parceria Regional Econômica Ampla, em inglês).

Outros acordos

O primeiro decreto comercial de Trump fez aumentar a expectativa de que ele cumpra outras promessas protecionistas feitas durante a campanha. O próximo passo deve ser a revisão do Nafta (acordo de livre comércio da América do Norte). No domingo (22), o presidente recém-empossado anunciou que vai negociar  com os presidentes do México e do Canadá novos termos para o acordo, em vigor desde 1994.

“Quando você olha para os tratados multilaterais, eles não estão de acordo com os interesses dos Estados Unidos. Eles não colocam o interesse dos americanos em primeiro lugar”- Sean Spicer, Secretário de Imprensa dos EUA.

Fonte: Nexo. 

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