Neste ano, o Brasil terá o maior aumento no número de desempregados entre as economias do G-20. Depois do golpe, o país será responsável por 30% das demissões do mundo e deve contabilizar mais 1,4 milhão de novos trabalhadores sem emprego até o ano de 2018. De cada três novos desempregados no mundo, um será brasileiro. Os números são da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divulgou um relatório sobre a ampliação do desemprego e o consequente aumento do risco de “agitação social”.
Segundo a organização, o Brasil terá um total de 13,8 milhões de brasileiros fora do mercado de trabalho até o ano que vem.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o desemprego, hoje, está em 11,9%, com 12,1 milhões de pessoas nesta situação.
Vale ressaltar que há pouco mais de dois anos, o Brasil encerrou 2014 com a menor taxa de desemprego já registrada. Na média daquele ano, ficaram sem trabalho 4,8% dos brasileiros.
A mudança verificada de lá para cá ocorreu sob forte boicote da oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff, com o intuito de desestabilizar seu governo e provocar o impeachment, o que terminou por paralisar o país.
Acuada, a própria presidenta abriu espaço para o ajuste fiscal iniciado por seu ministro, Joaquim Levy, o que só afundou ainda mais a economia do país.
Consolidado o golpe, Michel Temer assumiu o poder com o discurso de que salvaria o país, recuperando a confiança na economia brasileira. Mas o discurso não corresponde à prática a cada dia que passa a retomada do crescimento vai sendo mais e mais adiada.
Determinado a reduzir o papel do Estado, cortando gastos sociais e investimentos e promovendo inclusive a retirada de direitos, Temer apostou tudo na iniciativa privada, que não parece animada com o cenário colocado no horizonte.
Efeito golpe: o pior desempenho do mundo
E o Brasil vai ficando para trás. Segundo a OIT, o crescimento econômico mundial continua decepcionante, sem motivar a criação de empregos suficientes para compensar o número de pessoas que ingressam no mercado de trabalho.
Com isso, o contingente de desempregados subirá em 3,4 milhões de pessoas na comparação com o ano anterior. Ao todo, serão 201,1 milhões de pessoas sem emprego no planeta neste ano.
Dentro desse cenário já complicado, o Brasil terá o pior desempenho no mercado de trabalho em todo o mundo neste ano. O desemprego aqui, em 2017, será de 12,4%, de acordo com a previsão da OIT, maior do que o dobro da média global (5,5%) e dos países emergentes (5,7%). O índice é quase um ponto percentual maior do que no ano passado.
O país terá a terceira maior população de desempregados entre as maiores economias do mundo em termos absolutos, sendo superado apenas pela China e Índia, país com populações cinco vezes maiores do que o Brasil. Nos EUA, com uma população 50% maior do que a brasileira, são 5 milhões de desempregados a menos.
O relatório da organização também demonstra espanto com a rapidez com que o país saiu do pleno emprego, no governo Dilma Rousseff, para o caos atual, e alerta para o risco de convulsão social no Brasil. Um dos temores ainda da OIT é de que a informalidade no mercado de trabalho brasileiro cresça, assim como a taxa de pessoas em empregos precários.
Instisfação popular
A OIT aponta ainda que a incerteza em relação ao desempenho da economia global tem ampliado o risco de agitação social e descontentamento em praticamente todas as regiões do planeta.
Mas, no Brasil, os índices de insatisfação social estão entre os que mais crescem. Se, no mundo,o Índice de Agitação Social subiu, em média, 0,7 pontos, numa escala de zero a cem, no Brasil o salto foi de 5,5 pontos.
“Trata-se de um dos maiores aumentos do mundo em 2016”, disse o economista-sênior da OIT, Steven Tobin. O índice é medido pela organização com base em informações sobre protestos, manifestações de rua, bloqueios de vias, boicotes e rebeliões e pretende refletir a insatisfação da população com fatores como mercado de trabalho, condições de vida e processos democráticos.
De Portal Vermelho, com agências.
Fonte: Blog do Renato Rabelo.