Camponeses recebem certificado de produção agroecológica

Por Marcos Corbari. 

Preservação da natureza, compromisso com a produção sem veneno e o respeito ao ciclo da vida são compromissos do grupo

Na contramão da lógica nociva do mercado, onde os grandes empreendimentos atuam de forma irresponsável fomentando o envenenamento do alimento que chega até as mesas das pessoas, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) alcançou mais uma vitória na luta permanente contra o modelo hegemônico agroindustrial: a certificação de mais seis unidades produtivas vinculadas a famílias camponesas da base do movimento, voltadas a produção agroecológica. Localizadas nas municípios de Seberi, Erval Seco, Cristal do Sul, Vicente Dutra e Ametista do Sul, as seis unidades certificadas foram reunidas em grupo denominado “Promotores da Vida”. O ato de entrega da certificação foi realizada no Centro de Formação da Cooperbio (Cooperativa Mista De Produção Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil Ltda), cuja área de produção também faz parte do grupo certificado.

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O ato de entrega da certificação foi realizada no Centro de Formação da Cooperbio (Cooperativa Mista De Produção Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil Ltda).

 – Esse é um momento de celebração para todos nós, um momento de alegria, que renova nossa força para seguirmos sempre em frente nessa luta pela produção agroecológica -, destacou a engenheira agrônoma do MPA, Evelise Martins, que acompanhou o grupo. “Foram momentos muito intensos neste período de aprendizado, de superação de dificuldades, de debates e reuniões, de fortalecimento e de sonhos que fomos compartilhando ao longo da jornada”, completou. O camponês Ibanez Gonçalves, cuja unidade produtiva está localizada em Vicente Dutra, também destacou o momento especial para todos os envolvidos: “Nós buscamos apoio através do MPA e da Cooperbio e conseguimos viabilizar o trabalho deste grupo, conseguindo alcançar o resultado de um trabalho que já desenvolvíamos a longo prazo, melhorando nossas propriedades de ano a ano”. O camponês relembrou os dias cansativos de reuniões e formações, mas ponderou que todo esforço e dedicação valeu a pena. “É um sonho que sempre tivemos de efetivar a produção saudável, de nos libertar dos agrotóxicos, de ter esse orgulho de saber que a comida que sai da nossa unidade e vai até a mesa do consumidor é limpa, pura e de qualidade”.

O integrante da coordenação estadual do MPA e presidente da Cooperbio, Marcos Joni de Oliveira, destacou o compromisso do Movimento dos Pequenos Agricultores com o tema da Agroecologia: “Num momento como esse é importante destacarmos a produção de alimento saudável, conseguindo garantir o cultivo, bem como deixar claro ao consumidor final a garantia de que esse alimento é orgânico e, ainda, através disso possamos fomentar o debate a respeito dos modos de produção”. A cooperativa disponibiliza o trabalho de profissionais técnicos e agrônomos para acompanhar as atividades e orientar as práticas em cada unidade de produção. “Temos experiências comprovadas de que ecologicamente conseguimos produzir muito e bem, respeitando a vida e a natureza, utilizando práticas e tecnologias responsáveis, que defendem a terra e o agricultor da exposição aos venenos e outros químicos nocivos”. O representante da Rede Ecovida, Ademir Amaral, mencionou a satisfação de efetivar mais um grupo com produção certificada, fruto de parceria entre movimento social, cooperativa e produtores. “No nosso núcleo Missões, já temos mais de 70 produtos certificados, reforçando que a nossa causa principal é produzir alimento agroecológico, fomentando o crescimento desse sistema produtivo de modo que a rede Ecovida vá acolhendo os novos atores desse processo”, finalizou.

Conforme o relato dos participantes, a partir de agora as ações serão intensificadas, de modo constante e permanente. Este grupo pode ser ampliado conforme forem sendo identificadas novas unidades produtivas cujos camponeses responsáveis pela gestão estejam dispostos a fazer parte do enfrentamento e da construção de alternativas sustentáveis ao modelo do agronegócio dependente do veneno. A agroecologia representa hoje uma das bandeiras de luta mais simbólicas para o MPA e demais movimentos ligados à Via Campesina.

 

 

 

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