Por Talal Shihadeh
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Eu tinha 12 anos quando minha família foi forçada a mudar de Hebron, em 1977. Eu não sei se foi sorte ou não, nasci nesta cidade santa histórica, que está localizado no sul da Cisjordânia .
Nasci na cidade velha, muito perto da Mesquita de Abraão. Imediatamente após a invasão da Cisjordânia, em 1967, o governo de ocupação estabeleceu o primeiro assentamento sobre nós, cidadãos que residiam em Hebron… o nome deste assentamento é Qiriat Arbaa e a maioria dos colonos que vivem lá são americanos.
No início dos anos 70, os colonos em Hebron foram menos de 100. Atualmente, chegam a quase 8.000. Eles não circulam, nem viajam sem a proteção e a tutela do exército Ocupação Israelense Force – IOF.
O que me lembro na minha infância são os ataques dos colonos. Eles costumavam passar pela Mesquita de Abraão em tropas sob a tutela do IOF, batendo e assustando as crianças palestinas na estrada, destruindo tudo o que viam pelo caminho, batiam nas janelas, derrubavam os vasos de plantas, etc.
Quando criança, eu costumava fugir no momento em que eles estavam chegando. Muitas famílias (incluindo a minha) foram forçados a mudar desta área para proteger seus filhos dos ataques dos colonos. Fiquei impressionado muitas vezes … por quê?? Só porque eu sou um palestino.
Após o acordo de paz egípcio-israelense, em 1978, o governo israelense começou a aumentar o número de assentamentos e de colonos na Cisjordânia e Gaza. E no acordo de Oslo, a mesma política de ocupação se repetiu. Aos poucos, eles começaram a mudar a realidade e a demográfica na Cisjordânia, incluindo Hebron, com foco na parte antiga da cidade, principalmente perto da Mesquita de Abraão.
Na década de 70 e 80, os colonos costumavam ir à Mesquita, fazendo suas práticas religiosas sob a tutela do IOF até o Ramadã de 1994.
Em fevereiro de 1994, aconteceu o Massacre na Mesquita de Abraão, cometido pelo terrorista judeu Baruch Kappel Goldstein, onde 29 muçulmanos foram mortos e mais de 125 feridos durante a oração. Além desta violência, a ocupação israelense divide a Mesquita em duas zonas, uma para os muçulmanos e outra para os judeus. Depois disso, tornou-se muito difícil para os muçulmanos entrar para a Mesquita. É mais fácil passar por um aeroporto do que para entrar na Mesquita. No checkpoint colocado na entrada da Mesquita, as medidas de segurança são rigorosas, incluem a verificação de identidade e verificação física, passando pela máquina de exame, mas somente para os árabes e visitantes. Os colonos entram direto, não são submetidos nas rigorosas medidas de segurança.
Benjamin Netanyahu anunciou dois dias atrás, que a Mesquita de Abraão e da Mesquita Bilal (em Belém) são patrimônio de Israel.
Roubar a terra, a história e a herança …essa é a chave israelense para a paz no Oriente Médio.
24 de fevereiro de 2010, 16 anos após o Massacre na Mesquita de Abraão
Palestina livre!
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Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
“Um beduíno sozinho não vence a imensidão do deserto, é preciso ir em caravana”
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