Por Carlos Henrique Pianta.
No último mês, a Unisul viveu um clima de disputa como, talvez, em nenhum outro momento, tenha vivido. A proposta da reitoria de aumento de mensalidade entre 7 e 13% para o próximo semestre mobilizou o Diretório Central Estudantil, Centros Acadêmicos e centenas de estudantes.
De forma inédita, o DCE, assim que notificado da proposta, tratou de passar em sala, realizar assembléias, atos e reuniões. A mobilização foi acontecendo de forma recíproca, os estudantes reconheciam o esforço do DCE em organizar a resistência ao aumento e compareceram, deram idéias, se mobilizaram, enquanto o Diretório Também reconhecia a vontade de luta e de indignação dos estudantes para com a proposta.
O clima de indignação se espalhou rapidamente, ainda da em setembro, após uma assembléia no centro, aconteceu o primeiro ato contra o aumento. Mais de cem alunos das unidades da Palhoça, norte da ilha e centro marcharam em direção ao Ministério Público do estado para entregar a um procurador, denúncias sobre a falta de democracia e de clareza financeira na universidade.
Durante as semanas que se passavam o assunto tomou conta dos corredores da universidade. Os estudantes, unidos contra o aumento, queriam a continuação das ações em massa, a continuação das reivindicações. O DCE, por sua vez, se dividiu ao máximo para poder dar conta de passar em todas as unidades para informar e anotar sugestões e idéias dos colegas. Ao todo, muita gente que nunca tinha participado do movimento estudantil se interessou e ajudou de forma fundamental na manutenção da resistência estudantil.
Já em outubro, foi organizado outro ato contra o aumento, na unidade da Pedra Branca, em Palhoça. Com mais de duzentos estudantes, a manifestação tomou os corredores do prédio, a praça de alimentação e culminou na invasão do espaço onde estava sendo realizada uma reunião do DCE com a comissão escolhida pela reitoria que negociava o aumento. A mobilização foi muito positiva e os estudantes puderam ver o medo que os cartolas do ensino têm da organização estudantil. Ficaram atônitos, sem ação, sem condições nem de dar qualquer justificativa a massa estudantil que tomava a secretaria da universidade de forma pacífica. Além do ato, o DCE protocolou um ofício no gabinete do deputado estadual Carlos Chiodini, presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembléia Legislativa de Santa Catarina pedindo audiência pública para tratar da questão financeira da Unisul.
Ao final das negociações, mesmo com o Diretório Central da Grande Florianópolis contrário, foi aprovado um aumento de 9,5% para o ano de 2012. Mesmo não sendo a vitória esperada, não podemos analisar o resultado como uma derrota. Pela primeira vez os estudantes da universidade não só mostraram à administração que têm força, como a si mesmos, o que é mais importante.
A mobilização contra o aumento de mensalidade veio logo após a campanha contra a forma autoritária com quem são realizadas as eleições para coordenadores na Unisul. Ambas fazem parte do projeto político do DCE de democratização da universidade e de expansão da qualidade e da garantia de ensino. Essa mobilização não começou na luta contra o aumento, nem na campanha por democracia nas eleições para coordenadores. Ela inicia de forma institucional, quando a atual gestão, VIRAMUNDO, ganha as eleições. Essa vitória já mostrava a vontade de mudança e a capacidade de união e mobilização dos alunos da Unisul. Todavia, este projeto é anterior às eleições, ele foi criado na união de alunos que estavam em desacordo com a atual situação política e financeira da universidade e contra a conjuntura de inércia política na Unisul, resultado de seguidas gestões de DCE’s acostumadas com os conchavos com a reitoria.
Por tanto, a luta pelos direitos estudantil não pode e nem vai acabar agora. Se o resultado nas ultimas disputas com a reitoria não foram o ideal, toda a mobilização serviu para que a administração universitária e os alunos tomassem conhecimento da força resultante da união estudantil. Conclamamos todos os colegas da unisul de suas diversas unidades a continuar nesta luta conosco. Os problemas da universidade são muitos e não serão resolvidos da noite para o dia, mas com certeza vão ser amenizados cada vez mais, a partir do crescimento da união estudantil.
Um DCE é muito mais que os membros inscritos em sua diretoria é a expressão física e política da indignação e da contade estudantil. Por isso, o DCE VIRAMUNDO convoca o estudantes da universidade a cada vez mais participarem do dia-a-dia da política estudantil na Unisul. Só com o interesse e a participação massiva do corpo discente, conseguiremos alcançar as vitórias justas e desejadas.
Junto a este aumento:mais livros na biblioteca, mais tecnologia disponível, xerox mais barato, refeitório estudantil e para professores,…ou seja, um pouquinho para cada intenção.