Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Estudantes do Instituto Federal (IFSC), campus de São Miguel do Oeste, em unidade com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), movimentos sociais, sindicatos, Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Rural (PJR), escolas e outras organizações, realizaram hoje, terça-feira, dia 25 de outubro, uma mobilização em São Miguel do Oeste. Pautas como a PEC 241, que prevê o congelamento dos investimentos em Saúde e Educação por exemplo, a Medida Provisória (MP) 746/2016, que trata da Reforma do Ensino Médio, e as perdas de direitos de modo geral, foram bandeiras levadas para às ruas.
Conforme a Vice-presidente do Grêmio Estudantil do IFSC, Janice Ferreira, o ato tem ligação com um movimento de resistência que surgiu dentro do próprio IFSC, antes mesmo da votação de projetos como a PEC 241, e outros. Segundo ela, os estudantes vêm sofrendo com o corte de investimentos, um deles, referente ao Programa de atendimento ao estudante em vulnerabilidade social (PAEVS).
Janice destacou também que o objetivo da mobilização foi de trazer a discussão da PEC 241 que encontra-se em segunda votação no dia de hoje, na Câmara dos Deputados. Além disso, fazer um alerta para toda a sociedade junto com os estudantes e organizações, a respeito da Reforma do Ensino Médio e dos impactos para a população. “Esse é um movimento de conscientização. Precisamos refletir sobre todas essas perdas e não calar, em nenhum momento”, disse ela.
O representante do Sinasefe, João Paulo Lopes Fernandes, acrescentou também, que os servidores sindicalizados do IFSC, campus de São Miguel do Oeste, estão em unidade com a mobilização que a nível nacional está acontecendo nesta terça-feira. “Hoje é um dia de resistência, onde a votação da PEC 241 está acontecendo em segunda instância. O objetivo de congelar os gastos ataca profundamente os direitos dos menos favorecidos, que são os direitos sociais e assistência pública. Por isso, nos unificamos nessa luta para fazer o movimento”, complementou.
O Diretor do IFSC, Diego Martins, também falou sobre as perdas com a aprovação da PEC. Segundo ele, um estudo feito a partir da Câmara dos Deputados mostra que a população perderá em média, R$ 24 bilhões de reais por ano, no que se refere a Educação, além da perda de R$ 743 bilhões de reais em Saúde. “Não podemos gastar mais do que se arrecada, está certo, mas quem paga a conta não pode ser a população que utiliza o serviço público e precisa deles para sobreviver e se manter na luta. Que essa manifestação seja contínua”, enfatizou.
A Coordenadora do Sindicato dos Professores da Rede Pública de Educação do Estado de Santa Catarina (Sinte), regional de São Miguel do Oeste, Sandra Denise Zawaski, também participou do ato e demonstrou o apoio aos estudantes e organizações. Segundo ela, além da PEC 241, Reforma do Ensino Médio, Reforma da Previdência, o projeto que atinge a classe trabalhadora explorada ainda pretende retirar muitos outros direitos. Sandra reforçou a necessidade de mobilização e de enfrentamento.
Objetivo da PEC 241: Tirar do orçamento os pobres.
Em unidade com a mobilização realizada pelos estudantes no dia de hoje, movimentos, pastorais, sindicatos e organizações sociais demonstraram apoio a luta que atinge os direitos da classe trabalhadora explorada. Em sua fala, o Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Charles Reginatto, enfatizou que o principal objetivo da PEC 241 é retirar do orçamento, os pobres, é segundo ele, deixar de investir em serviços como Saúde e Educação para a classe trabalhadora. “Os pobres, historicamente são excluídos do orçamento público. Mas agora, quando estávamos começando a melhorar a Educação Pública, veio o Governo golpista e está cortando os direitos dos/as trabalhadores/as. Dos que sempre estiveram fora do orçamento público”, explicou.
Reginatto enfatizou ainda que com a aprovação da PEC 241 o Governo enviando para os bancos, para a elite, o dinheiro público, enquanto isso, cortará os investimentos em Educação, Saúde, Previdência. “Continuem na luta, não parem, ocupem as escolas, porque não é um semestre de aula que está em jogo, são 20 anos. O Governo está acabando com a geração, com o conhecimento, porque a burguesia não aceita que o pobre estude. Que entrem nas faculdades, espaço que sempre foi privilégio dos ricos. Eles tem nojo dos pobres. E nós não podemos permitir esse retrocesso”, argumentou.
Tayson Bedin, militante da Pastoral da Juventude Rural (PJR), também demonstrou unidade com a luta mobilizada pelos estudantes com o coletivo. “Uma das principais pautas que serão atingidas com esses projetos, é a educação no campo, junto com os cursos de Sociologia, Educação Física, História, Artes, Geografia e outras. Precisamos continuar somando nessa luta porque os Deputados não estão sozinhos. Eles tem o apoio de lideranças políticas da nossa região, eleitas pelas famílias dos estudantes inclusive”.
Pedro Pinheiro, Militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), reforçou ainda, a necessidade das juventudes e organizações sociais, fortalecerem as mídias populares. Segundo ele, o processo de golpe que vive o Brasil também é resultado de uma mídia que defende um projeto de morte. “É só o começo, temos que fazer luta, estar nas ruas. Infelizmente, é ridículo pensar que temos que estar nas ruas brigando pelo direito de ter direito, no entanto, não podemos desistir, precisamos seguir em unidade”.
Durante a mobilização de hoje, também foram entregues materiais explicativos para a comunidade, referentes aos projetos que apontam para a perdas de direitos, além da entrega do Jornal Comunitário para a população.