Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
O dia 08 de outubro de 2016 será especial para as organizações populares, pastorais sociais e movimentos. No Oeste Catarinense, cidade de São Miguel do Oeste, vai acontecer o 6º Café AntiColonial, uma realização da Cooperativa de Trabalho e do Portal Desacato que neste ano construiu essa atividade junto com a Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR) e vai comemorar os 09 anos do Portal no interior do estado.
A data traz elementos importantes para serem celebrados. Além da realização do Café AntiColonial, esta será a primeira vez que a Presidenta da Cooperativa de Trabalho Desacato, Rosângela Bion de Assis visitará o município e fará o lançamento oficial de uma extensão da Cooperativa em São Miguel do Oeste, um trabalho que tem sido construído há muitos anos, por meio de uma comunicação de resistência, com pessoas como Elaine Tavares, companheira e Jornalista de Florianópolis e com o companheiro e Educador Popular Jilson Souza, da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (Apafec) de Fraiburgo (SC) junto ao coletivo de juventudes da PJMP e PJR.
Ser AntiColonial
Após a vinda do companheiro e Jornalista Raul Fitipaldi até São Miguel do Oeste, efetivou-se a ideia que o Oeste Catarinense precisa fortalecer-se nas bases do Jornalismo de Resistência. O que também se reflete na importância e no significado de realizar um Café AntiColonial, com alimentos ‘coloniais’, mas com ideal de militantes, homens e mulheres que refutam a concepção de uma sociedade dividida em classes, essa que vivemos, controlada pelo sistema capitalista.
Ser anticolonial não significa negar o campo, pelo contrário, o sentido está ligado a ideia de sermos anti-imperialistas, anticapitalistas, que resistem ao processo de violência, de racismo, de extermínio que de longa data fere os povos do Oeste Catarinense, do Brasil, da América Latina, do mundo. Ser AntiColonial é negar as imposições doloridas feitas pelos sócios do agronegócio, do sistema empresarial. É dizer que somos um povo mestiço em luta, de uma diversidade imensa que quer viver, ter dignidade e sonha com uma sociedade verdadeiramente justa e não simplesmente ‘mais justa’.
É reconhecer que a justiça social não acontecerá se nossos sonhos não forem colocadas nas ruas, nas lutas, no meio das gentes como nós todos/as. Ser AntiColonial é dizer que o Oeste Catarinense por exemplo, não foi ‘colonizado’ simplesmente e passou a existir, mas que nessa terra, muito indígena, caboclo foi exterminado para que o chamado ‘progresso e desenvolvimento’ fosse construído. Enfim, é evidenciar, dentro de um cenário de enfrentamento que não queremos dividir o Sul do resto do Brasil, que negamos o Movimento “O Sul é o meu país” e seguiremos a luta pela libertação dos povos, pela América Latina livre e que vamos dar seguimento a construção da Outra Informação.
Eternidade do Che, a Rádio Rebelde no 6º Café AntiColonial
O lançamento de uma extensão da Cooperativa Desacato em São Miguel do Oeste significa fortalecer a construção de uma comunicação de resistência, já feita por meio do Jornal Comunitário e engrandecida com o Portal Desacato. Ao falarmos de comunicação, não poderíamos ter escolhido data melhor para realização do café anticolonial. No dia 08 de outubro, rememoramos a eternidade de Ernesto Rafael Guevara de la Serna (Che Guevara), assassinato por ser um líder revolucionário, na mesma data, no ano de 1967. No Brasil muito se fala de sua morte no dia 09 de outubro, enquanto na maioria dos países da América Latina, se eterniza a data evidenciando-a no dia 08.
O Che Guevara foi um dos fundadores da Rádio Rebelde, em 24 de fevereiro de 1958. Além de acreditar na revolução como a única forma de combater o mundo desigual, também acreditava em uma comunicação de resistência para fazer enfrentamento aos inimigos e informar o povo. Che foi considerado um dos principais inimigos do imperialismo norte-americano, e a exemplo dele, também fortalecemos a ideia de sermos anti-imperialistas e celebramos isso com o 6º café AntiColonial.
Nos encontraremos em São Miguel do Oeste/SC, no próximo dia 08 de outubro, a partir das 19h, no piso superior do Salão Paroquial/Centro. O valor dos ingressos é de R$ 15,00. ¡Hasta la victoria siempre!