Unicamp e Unifesp criam exame de sangue para identificar esquizofrenia e transtorno bipolar

análise de sanguePor Carolina Octaviano.

Desenvolvido por meio de uma parceria entre pesquisadores da Unicamp e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), método possibilita fazer o diagnóstico de doenças como esquizofrenia e transtorno bipolar, a partir da análise do sangue e utilizando biomarcadores, que são modificações biológicas e uma espécie de parâmetro mensurável capaz de diagnosticar doenças e determinar o melhor tipo de medicação.

A professora Ljubica Tasic, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, é uma das responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia e conta que o principal diferencial da tecnologia, que utiliza biologia química e necessita apenas de uma pequena quantidade de sangue coletado do paciente (cerca de 250 ml), diluído e analisado por meio de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), está na agilidade, objetividade e eficácia. “Por meio de um modelo gerado por quimiometria, cada espectro é classificado em amostra doente ou saudável. A separação de grupos é dada pela variação dos dados de Ressonância Magnética Nuclear, que são usadas para identificação de biomarcadores presentes em grupos distintos ou em ambos os grupos apenas variando a concentração”, revela.

Atualmente, o diagnóstico de doenças mentais se dá por meio de avaliação dos pacientes, realizada por meio de entrevistas em consultórios psiquiátricos. Ou seja, não há nenhum tipo de teste clínico a ser aplicado, fato que pode ocasionar a demora e a imprecisão no diagnóstico dessas doenças. “A presente invenção pode melhorar não somente o diagnóstico, mas também a escolha do tratamento para cada indivíduo, bem como o seu acompanhamento, que seria feito com a mesma técnica do diagnóstico, verificando como os dados obtidos de um paciente doente se aproximam de um saudável”, comenta Ljubica.

“Os transtornos mentais como a esquizofrenia e o transtorno bipolar são um grande desafio para o sistema de saúde, trazendo sérias consequências financeiras tanto para países desenvolvido s, quanto para o Brasil. A ausência de cura e as limitações dos tratamentos disponíveis são reflexos do conhecimento limitado que se tem do cérebro e de seus mecanismos moleculares e celulares que regulam as suas funções”, aponta a professora. Logo, um método que seja eficiente e que possibilite utilizar técnicas e equipamentos já instalados nos hospitais e instituições de saúde se torna extremamente vantajoso.

Ljubica defende ainda que empresas do setor farmacêutico – principalmente aquelas que atuam em diagnóstico – poderão se beneficiar do novo método.  “A nossa inovação abre a possibilidade de monitorar os efeitos de fármacos usados nos tratamentos dessas doenças mentais graves”, completa a docente. Ela alerta ainda para o número crescente de pessoas com distúrbios mentais na população. Conform e dados levantados pelos responsáveis pelos estudos, as doenças mentais graves, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar acometem de 1 a 3% de população mundial.

Segundo a docente, a tecnologia, que está disponível para licenciamento, traz benefícios para a sociedade e também para os pacientes, uma vez que possibilita que eles possam ter um tratamento adequado e com o devido acompanhamento. “Isso é de grande importância para melhoria da qualidade de vida de um doente e para sociedade em geral. Com a saúde melhorada e os sintomas da doença diminuídos e sob controle, mesmo sem a cura, o paciente poderia interagir com a sociedade”, comenta, apontando para o viés social do método.

Resultado de pesquisa colaborativa entre as duas instituições de ensino, os estudos receberam aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estudo de São Paulo (Fapesp). Atuaram também no desenvolvimento da tecnologia: Ronei Jesus Poppi, docente do IQ da Unicamp e as professoras Elisa Brietzke e Mirian Hayashi, da Unifesp.

Fonte: IQM.

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