Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Estudantes do nono ano, da Escola de Educação Básica São Sebastião, de São Miguel do Oeste/SC, reivindicam a implantação do ensino médio na escola. Foram 200 assinaturas já coletadas na comunidade para um abaixo assinado, onde pais e estudantes apoiam essa iniciativa e desejam que os jovens permaneçam no bairro ao encerrarem o ensino fundamental. A reivindicação foi colocada em evidência no último dia 7 de setembro, durante o desfile que aconteceu na cidade, onde os estudantes carregaram uma faixa com a proposta em pauta.
O Portal Desacato conversou nesta semana, com a estudante Gabrieli Lancini e com o estudante Vinicius Molina. Segundo eles, pais, professores e os educandos mostraram-se favoráveis à luta. “Abordamos esse assunto faz algum tempo durante um conselho de classe e desde o início fomos informados da dificuldade de implantar o ensino médio na escola, já que em outros anos houve essa mesma tentativa. Porém, ao sairmos pelo bairro coletando as assinaturas, recebemos muitos elogios, às pessoas tem mostrado interesse e incentivado essa luta e pela necessidade que temos, decidimos continuar insistindo nisso”, enfatizou o estudante Vinicius Molina.
Os estudantes reivindicam o ensino médio diurno. Hoje, são aproximadamente 14 alunos que estudam no nono ano, no entanto, Gabrieli salienta que a comunidade está disposta a fazer uma movimentação para que haja o número necessário de estudantes, conforme demanda a lei, e que o ensino seja efetivamente implantado no próximo ano. “Com a ajuda da comunidade tudo ficará mais fácil. Esse é um direito nosso e vamos seguir firmes, com essa luta”, disse a estudante Gabrieli Lancini.
Molina enfatizou ainda que os estudantes com apoio da comunidade pretendem fazer uma movimentação ainda maior para garantir o ensino médio. “Uma luta só começa quando o direito é seu, então se esse é meu direito, eu vou lutar. Existe muito incentivo para que os jovens estudem, e nós queremos permanecer estudando no espaço que nos é de direito”, disse ele.
Comunidade teme fechamento da escola
Gilmar José Martini é morador do bairro. Segundo ele, a luta pela implantação do ensino médio no São Sebastião é movida desde 1990. “Naquele tempo já existia uma preocupação da comunidade, que vem crescendo”.
Martini salientou que uma das preocupações da comunidade é que a escola seja fechada, em decorrência de que muitos jovens saem do bairro e vão estudar em escolas do centro, que oferecem o ensino médio. Ele disse que a escola São Sebastião passou por reformas e tem estrutura para receber esse tipo de ensino. “É justo que o ensino médio seja implantado. Existe estrutura e pessoal capacitado para atender essa demanda. Os alunos que agora estão iniciando essa discussão têm o nosso apoio porque eles também se identificam com a comunidade onde nasceram e querem permanecer aqui. Eu estudei nessa escola, minha família doou na época a área de terra para ser construída, então acredito na importância dessa luta”, defendeu.
Clarete Negri Fritzen, é uma das lideranças da comunidade que também apoia a causa. Segundo ela, o Conselho da comunidade preocupa-se com a falta do ensino médio e teme o fechamento da escola. “É uma iniciativa muito bonita, dá para ver que esses alunos querem estudar e pedem o ensino médio diurno. Eles até fizeram uma faixa e elevaram no dia 7 de setembro mostrando a reivindicação. Percebemos também que muitos jovens já tiveram que sair do bairro para estudar em outras escolas e isso é preocupante. Daqui a pouco a escola vai fechar e vamos ficar com um ‘elefante branco’ no bairro”, comentou.
Diretor expõe dificuldades para implantação do ensino médio
Jair Ecker é diretor da escola e concedeu entrevista à reportagem do Portal Desacato. Segundo ele, existe uma movimentação junto a Gerência Regional de Educação de São Miguel do Oeste. A escola teria encaminhado um ofício com a solicitação do ensino médio. “No parecer de criação da escola mostra que ela não está habilitada para oferecer o ensino médio. A Gerência nos orientou e estamos encaminhando essa documentação, para depois tomar as demais providências. Quanto à questão de números de alunos, melhoramento do espaço físico, é um processo que deve ser construído aos poucos”, explicou.
O diretor também falou sobre os estudantes do próprio bairro que vão para outros locais estudar e que isso, de acordo com ele, reduz cada vez mais o número de alunos na escola e contribui para a não implantação do ensino médio. Por outro lado, Ecker citou que o ensino fundamental da Escola de Educação Básica São Sebastião está em primeiro lugar no Ideb, o que significa, segundo ele, que a escola possui condições de receber o ensino médio e oferecer qualidade para os estudantes e a comunidade em geral. “A comunidade tem apoiado muito essa reivindicação, acredito que devemos mostrar os pontos positivos de nossa escola e continuar insistindo para manter a escola no bairro”, finalizou.
A reportagem do Portal Desacato tentou contato com o Gerente de Educação de São Miguel do Oeste, Moacir Martelo, mas foi informada que ele estaria de férias, por 15 dias. Por essa razão, não foi possível saber como está o andamento do processo de reivindicação do ensino médio na Escola de Educação Básica São Sebastião.
Fonte foto de capa: Arquivo/Estudantes.